Opinião
Prepare-se: a era do pedágio free flow vem aí!
Novo sistema acabaria com as praças de pedágio e cobraria eletronicamente dos motoristas o trecho percorrido nas rodovias entre os pontos com equipamentos
Última atualização: 29/02/2024 09:03
O secretário de Logística e Transportes do Rio Grande do Sul, Juvir Costella, no Seminário de Mobilidade da Região Metropolitana, realizado sexta-feira (24), na Unisinos, parece ter dado a pista definitiva que o pedagiamento eletrônico (sem uma praça física) intitulado free flow será adotado nos dois próximos contratos de concessão de blocos de rodovias estaduais e, aí, até poderia também valer para o bloco já concedido neste ano à concessionária CSG (Caminhos da Serra Gaúcha), que prevê a construção de novas praças de pedágio em Capela de Santana (RS-240) e São Sebastião do Caí (RS-122) e que já funcionariam em 2024 (ou seja, que seriam construídos ao longo deste ano).
Isso mudaria o cenário atual de reclamação das praças de pedágio (não da cobrança, é claro) que deixariam de existir. Certamente a discussão passaria a ser onde os tais equipamentos do free flow seriam instalados. A lógica seria que eles ficassem nos acessos de entrada ou saída das rodovias. mas aí, é claro, tudo vai depender dos custos de implantação do sistema.
A primeira polêmica
Seja como for, a implantação do free flow no Estado pode surgir com polêmica: a RS-118.
Prometida sem praça de pedágio pelo governador Eduardo Leite na campanha eleitoral, a rodovia estadual necessita de investimentos para ser duplicada. E o Estado só consegue ver isso com a concessão. E a concessão só sai com pedagiamento da rodovia.
Sendo assim, a 118 necessita deste dinheiro do pedágio para ter os milhões necessários em investimentos para duplicação do trecho que liga Gravataí (a partir da free way), Alvorada e Viamão e também para a manutenção do trecho duplicado entre as BRs 116 (em Sapucaia do Sul) e 290 (em Gravataí). E, por consequência, Leite quebraria sua promessa eleitoreira, mesmo que use explicações como "só prometi que não haveria pedágio no trecho não duplicado" ou "só prometi que não haveria praça de pedágio", já que com o free flow não se teria a praça física, "apenas" a cobrança.
É a retórica política em ação com direito a um desgaste político e um descrédito também junto à população. Mas, afinal, as eleições só virão em 2026. Então, talvez valha quebrar uma promessa para garantir milhões de reais em investimentos e o fim de uma dor de cabeça estadual de pensar como arranjar dinheiro para tocar os projetos da RS-118.
Boa opção, aparentemente
Tirando esta questão de quebrar uma promessa eleitoral, o sistema free flow parece ser um pedagiamento menos incômodo (tirando a cobrança em si) que as filas nas cabines das praças físicas de pedágio. Além disso, o conceito de "paga-se o que se usa" é mais justo, desde que as tarifas sejam justas, é bom salientar. Afinal, a concessionária não terá mais que arcar com a construção e manutenção de praças construídas e até terá menos despesas com pessoal que atende hoje nas cabines.
O sistema de pedágio free flow funciona por leitura eletrônica de uma tag (como é hoje os sistemas de passagem livre na cancela) ou por leitura da placa do veículo. No primeiro, o dispositivo é instalado no veículo e o pagamento é mensal (em alguns caso até com descontos). No segundo, após passagem no ponto com a leitura da placa, o motorista tem prazo para quitar o pedágio via cartão ou PIX. Se não o fizer, pode ser multado.
Como já disse, o free flow elimina praças de pedágio e, consequentemente, as paradas e filas para pagamento. O motorista entra na rodovia (sem precisar reduzir velocidade) e o equipamento eletrônico registra o acesso. E aí paga-se por trecho percorrido entre cada ponto de implantação do free flow.
Primeiro sistema
O exemplo deste novo sistema está sendo adotado pela CCR. A companhia - que aqui no RS é ViaSul, responsável pela pelas BRs 101, 290 (free way) 386 e 448 - a partir desta sexta-feira (31 de março), passa a usar o free flow na rodovia Rio-Santos, a BR-101, que é da CCR RioSP.
Será o primeiro pedagiamento rodoviário do País sem cabines. Pode ser a experiência para que o sistema chegue aqui no Sul, talvez até começando primeiro pela free way e outras rodovias da CCR. Não há nada anunciado, mas o sucesso dos sistema no Centro do País deve alimentar a implantação em outras rodovias, tanto federais como estaduais.
Então, prepare-se: a era free flow de pedágios parece ser inevitável.
Isso mudaria o cenário atual de reclamação das praças de pedágio (não da cobrança, é claro) que deixariam de existir. Certamente a discussão passaria a ser onde os tais equipamentos do free flow seriam instalados. A lógica seria que eles ficassem nos acessos de entrada ou saída das rodovias. mas aí, é claro, tudo vai depender dos custos de implantação do sistema.
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Isso mudaria o cenário atual de reclamação das praças de pedágio (não da cobrança, é claro) que deixariam de existir. Certamente a discussão passaria a ser onde os tais equipamentos do free flow seriam instalados. A lógica seria que eles ficassem nos acessos de entrada ou saída das rodovias. mas aí, é claro, tudo vai depender dos custos de implantação do sistema.