CONSCIÊNCIA
Plástico, prático e quase eterno
Especula-se que talvez, num futuro distante, em escavações arqueológicas seja indicador de ação humana
Última atualização: 08/04/2024 11:58
Vivi uma infância feliz numa pequena comunidade do interior gaúcho. O produto marcante do local era o leite, à época vendido em garrafas de vidro. As garrafas, quando sobreviviam ao vai-e-vem dos comércios e dos lares, eram devolvidas e não havia o adicional do "casco".
Essa dinâmica durou pouco. Logo veio o leite em saquinhos plásticos, simplesmente indestrutíveis e não retornáveis. Lembro que nos desafiávamos a tentar estourá-los, equilibrando-nos sobre eles. Sem sucesso. Uma vez abertos, lixo.
Na nossa casa, o quintal cedeu espaço para mais esses monstrengos extremamente resistentes e, principalmente, práticos. Não quebravam, não precisavam ser lavados e não eram trocados por saquinhos cheios lá na venda. Eram também mais leves.
Na mesma época, na escola, lembro de ter sido apresentado a um cartaz que mostrava o tempo de deterioração, na natureza, de diversos objetos do nosso cotidiano. Um deles era o plástico: 500 anos. A minha cabeça imaginava um mundo entulhado de saquinhos de leite, sem considerar os suportes que logo surgiram no mercado para manusear melhor o leite.
Um deles, num ato inconsciente, em certa madrugada sonolenta, foi parar na boca do fogão. Era para a mamadeira do irmão. Fedor total na casa.
Ainda na escola, nossa consciência ambiental foi trabalhada na prática. Limpamos uma área atrás da cozinha (tinha plástico lá também.) Para produzirmos hortaliças para a nossa merenda. Que alegria viver tudo isso. Daí, meu irmão e eu decidimos limpar o lixão que se formara no quintal da nossa casa e criar uma hortinha. Lembro que uma caçamba veio recolher o entulho. Jamais soubemos onde foi parar.
Especula-se que talvez, num futuro distante, em escavações arqueológicas seja indicador de ação humana em nosso mundinho.
Vivi uma infância feliz numa pequena comunidade do interior gaúcho. O produto marcante do local era o leite, à época vendido em garrafas de vidro. As garrafas, quando sobreviviam ao vai-e-vem dos comércios e dos lares, eram devolvidas e não havia o adicional do "casco".
Essa dinâmica durou pouco. Logo veio o leite em saquinhos plásticos, simplesmente indestrutíveis e não retornáveis. Lembro que nos desafiávamos a tentar estourá-los, equilibrando-nos sobre eles. Sem sucesso. Uma vez abertos, lixo.
Na nossa casa, o quintal cedeu espaço para mais esses monstrengos extremamente resistentes e, principalmente, práticos. Não quebravam, não precisavam ser lavados e não eram trocados por saquinhos cheios lá na venda. Eram também mais leves.
Na mesma época, na escola, lembro de ter sido apresentado a um cartaz que mostrava o tempo de deterioração, na natureza, de diversos objetos do nosso cotidiano. Um deles era o plástico: 500 anos. A minha cabeça imaginava um mundo entulhado de saquinhos de leite, sem considerar os suportes que logo surgiram no mercado para manusear melhor o leite.
Um deles, num ato inconsciente, em certa madrugada sonolenta, foi parar na boca do fogão. Era para a mamadeira do irmão. Fedor total na casa.
Ainda na escola, nossa consciência ambiental foi trabalhada na prática. Limpamos uma área atrás da cozinha (tinha plástico lá também.) Para produzirmos hortaliças para a nossa merenda. Que alegria viver tudo isso. Daí, meu irmão e eu decidimos limpar o lixão que se formara no quintal da nossa casa e criar uma hortinha. Lembro que uma caçamba veio recolher o entulho. Jamais soubemos onde foi parar.
Especula-se que talvez, num futuro distante, em escavações arqueológicas seja indicador de ação humana em nosso mundinho.
Essa dinâmica durou pouco. Logo veio o leite em saquinhos plásticos, simplesmente indestrutíveis e não retornáveis. Lembro que nos desafiávamos a tentar estourá-los, equilibrando-nos sobre eles. Sem sucesso. Uma vez abertos, lixo.