Pera dá em pinheiro?

Ah, dá. Dá sim, por mais incrível que pareça. Quem não acredita nessa misteriosa genética do ecossistema frutífero brasileiro, deve colar na mais tradicional fruteira da cidade e ver de perto se pinheiro não faz pera. Não aquela pera pau muito popular nas ruas do centro da cidade de Novo Hamburgo nos já longínquos anos 1960. A molecada aprendeu a escalar árvores para alcançar o prêmio da comestível fruta urbana. Ao mesmo tempo em que tirava a fome de rua, a desfavorecida gurizada que era rara e comportada naqueles tempos, subia as árvores que marginavam as calçadas para apanhar os rígidos frutos. Enfim, testavam a arcada dentária mordendo a pera de nome mais adequado que pudesse ter.

Deliciosamente suculentas e delicadamente expostas, as peras do Jaime Pinheiro nos olham com um olhar de sedução difícil de resistir. Me abastecendo em uma consulta no médico dos ignorantes, Dr. Google, descobri que o saboroso fruto é da raça Kieffer enxertada e quando amadurece, literalmente desmancha na boca dos mais refinados consumidores. Mais: trazendo ao pé da letra, fornece nutrientes importantes como as vitaminas A, E, C, fibras, potássio, magnésio e cálcio. Ainda oferece em sua bioquímica carotenoides e flavonoides, antioxidantes que habitam juntos as melhores fórmulas dos medicamentos preventivos de severas e cruéis enfermidades. De bandeja ainda é pouco calórica, despreocupando os fitholics. Não tão popular como abacaxis, maçãs, laranjas e bananas, deveria ocupar um lugar mais alto no pódio das preferências. Afinal, não é todo dia que alguém sai por aí anunciando: "Vou comer uma pera!"