Opinião
Pensando sempre nas crianças
Talvez, pensando mais nas crianças, a gente tome decisões mais humanas e menos egoístas
Última atualização: 23/12/2024 22:36
Estamos a poucos dias do final de mais um ano que nos faz pensar o quanto estamos interligados em nossa vidas. Na alegria, na dor e, principalmente, no sentimento de que é preciso ser cada vez mais forte e solidário.
As inundações deste ano, combinadas com a pandemia de 2020/21, fizeram desta década uma sequência de dores nunca antes vividas - e se somem aí as dolorosas perdas que vamos tendo pelo caminho. Para quem tem sensibilidade e empatia, estes anos têm sido dolorosos. Duros. Pesados.
E neste combo de sofrimento o que mais perturba, é que se nós, adultos, sofremos e somos afetados de várias formas por estas agruras, imaginem as crianças. Neste ano já cheguei a escrever sobre a violência que este mundo está impondo às crianças, vítimas de um mundo doente. Nesta reflexão tratava mais de casos de adultos que matavam, violentavam, machucavam crianças.
Mas há uma violência, um efeito nefasto invisível que paira sobre as nossas crianças. São estes males que se mostram fora de controle, mas que precisam ser muito bem avaliados por nós, adultos, para que nossos pequenos possam passar por eles (os males) de uma forma menos traumática, com consequências menos graves para o seu futuro.
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É nosso dever preservar a criança, proteger. Não que isso signifique isolar. Ela precisa aprender a entender o que está acontecendo, assimilar e transformar isso em uma lição de vida, mas sem que essa lição seja um trauma. Não é para ter medo. É preciso entendimento. É preciso conversar abertamente com as crianças e ouvir elas atentamente. Entender por que chora, se angustia, se entristece.
O trágico acidente aéreo de Gramado é marcado pelas cenas de crianças embarcando com seus familiares na aeronave que caiu em Gramado. As cenas são fortes porque mostram os últimos momentos daquela família. Um futuro, no caso das crianças e adolescentes, destruído na decolagem de suas vidas.
Entendo que faltou um melhor discernimento para o patriarca e piloto em levantar voo em condições adversas. Acredito que nunca tomaria uma decisão se soubesse do risco à família, mas lhe faltou uma visão mais ampla do perigo.
Assim como muitas vezes nos falta visão como o motorista que, com os filhos no assento de trás do carro, faz uma ultrapassagem arriscada; de quem mergulha junto em frente às suas crianças desrespeitando limites nas águas do mar, de um rio, lago ou até piscina; de quem atravessa ruas com os pequenos puxados pelas mãos sem olhar para os lados; e por aí se vão dezenas de situação que são aprendizados que precisamos repassar aos nossos pequenos.
Às vezes, podemos estar levando nossas crianças para um voo sem volta - seja ele físico (como foi o de Gramado) ou psicológico.
Por isso, antes de fazer algo que envolva crianças, pense nelas primeiro. No futuro que você pode estar negando a elas. Nas consequências que pode estar gerando. è preciso sempre pensar em como as nossas ações impactam na vida de quem se ama.
Talvez, pensando primeiro nas crianças, a gente evite fazer tantas coisas das quais vamos nos arrepender depois. Pensando nas crianças, talvez, a gente se torne menos inconsequente e mais humano.
É pensando nas crianças que vamos construir um futuro melhor. Que 2025, 2026, 2027 e assim por diante sejam anos de se pensar mais nos nossos pequenos aprendizes, que estão apenas decolando em suas vidas com a esperança de voar em direção a um futuro melhor.
Como diz a eterna canção e lição de vida de Gonzaguinha, "eu fico com a pureza da resposta das crianças, é a vida, é bonita e é bonita (...) A beleza de ser um eterno aprendiz"...
Adeus ano velho, feliz ano novo...
Um verdadeiramente feliz 2025 a todos!
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