País do ódio latente

Que grau de ódio tem um homem para deixar bombas armadas em sua casa, para explodir policiais? E depois rumar para a Esplanada de Brasília, armar bomba em seu carro e se imolar frente ao STF? Jan Palach é um herói tcheco, com monumento em Praga. Imolou-se, ateando fogo ao corpo, aos 20 anos, como forma de demonstrar seu repúdio à invasão comunista de seu país em 1969 e que ele não tinha como impedir. São dois extremos de decisões. A primeira do brasileiro movido pelo ódio. A segunda do herói, ainda lembrado 50 anos depois.

O ministro do STF Luís Roberto Barroso é admirado porque definiu Gilmar Mendes no Supremo: "Você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia." Declarou após o ataque de Brasília: "Onde perdemos a luz da alma para a escuridão do ódio?" É pouco provável que o leitor não tenha nunca ouvido uma destas duas frases: "Lula deve morrer!", "Bolsonaro deve morrer!" Ditas por pessoas inteligentes, lúcidas e em seu juízo perfeito. Retratam o que Barroso disse: estamos em uma fase iluminada pela luz do ódio.