A Austrália sempre deu ao cinema novidades interessantes e sucessos de bilheteria, como Mad Max, Crocodilo Dundee, O Casamento de Muriel ou Priscila, A Rainha do Deserto, entre tantos títulos.
A boa nova é Fale Comigo, terror dirigido pelos irmãos gêmeos australianos Michael e Danny Philippou. Estreantes na telona, eles foram catapultados à fama pelas produções no canal deles do YouTube, o Racka Racka, que traz várias paródias, curtas de terror e já bilhões de visualizações.
A dupla de youtubers australianos levou seu filme ao Festival de Cinema de Sundance e virou sensação por trazer para tela uma boa história, criativa, driblando alguns clichês, e, diferentemente da maioria dos filmes de terror, dando certa profundidade a personagens.
A personagem central, Mia, vivida por Sophie Wilde (atriz australiana emergente que também está em O Portal Secreto), não é apenas mais uma aterrorizada e passiva vítima. Ela tem mais a oferecer no roteiro. E, é claro, some-se à criatividade o terror de arrepiar em algumas cenas.
Fale com alguém
A história traz esta jovem que vive o luto da perda da mãe e a desconexão com o pai. Aí, para buscar apoio contra essa dor, conecta-se à família de uma “amiga”. E é em meio a esta história que temos uma mão embalsamada que conecta a galera intrépida ao mundos dos espíritos.
É só preciso tocar na mão, dizer “fale comigo” e receber o espírito do além. Mas é preciso respeitar o tempo. Bom, Mia vê nisso a chance de “reencontrar” a mãe.
O título Fale Comigo vai do contato com os espíritos à necessidade de comunicação de uma pessoa que vive o luto para superar ou, pelo menos, amenizar a perda. Mas a jornada é dramaticamente aterrorizante.
E, é claro, se o filme é dentro da atualidade do mundo jovem/adolescente, a figura dos smartphones é essencial em cena, assim como a viralidade – muitas vezes frívola – das redes sociais. O filme também mostra neste olhar crítico o ridículo de um mundo fútil de falta de empatia, emoções descartáveis e deboche cruel.
Mas, com a mãozinha da mão embalsamada e dos momentos de terror que ela provoca, a brincadeira se torna séria e cobra a irresponsabilidade de não se importar com as consequências.
A criatividade deste thriller psicológico de terror, que de forma inteligente faz com que o cinespectador participe da experiência da mãozinha espírita, sendo literalmente puxado para a história, já garantiu aos racka racka australianos espaço para uma sequência e também para que mostrem do que são capazes em meio ao efervescente mundo do cinema.
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