Opinião
O Rock Enrow chora (junto com todos nós) por Rita Lee
Morte da multiartista deixa um sentimento de tristeza que só se vai quando a gente escuta esse tal de rock-and-roll que ela nos deixou. Afinal, todos nós somos meio Rita Lee
Última atualização: 07/03/2024 16:06
Despedidas são difíceis, por mais esperadas que sejam. A doença contra a qual Rita Lee lutava levou há seis meses minha mãe, dona Lori. Praticamente da mesma forma. Diagnóstico de câncer em 2021 e uma batalha "du cara...", como diria a já saudosa eterna rainha do nosso rock-and-roll, que acabou com aquele último suspiro de quem viveu a vida como queria e que, apesar de toda dor, se foi sem querer ir.
Ah, quem não cantou "no escurinho do cinema", "quero mais saúde", "esse tal de Rock Enrow", "ovelha negra da família", "meu bem você me dá água na boca", "desculpe o auê", "meu doce vampiro", "lança, lança perfume", "agora só falta você"... e por aí vai, na deliciosa e sempre maliciosa voz de Rita Lee Jones de Carvalho.
No final dos anos 1980, estava até pronto para ir entrevistar ela em uma de suas passagens pelo Estado. Mas minhas editoras na época, fãs de carteirinha da eterna mutante tutti-frutti, acabaram fazendo as vezes. Afinal, não é todo o dia que uma rainha aterrissa em nosso pampa.
E, mesmo que não gostasse do título de realeza do rock, Rita sabia que sua música e sua atitude eram reais instrumentos de mudança. Em Miss Brasil 2000, cantava "Será que ela quer modificar uma geração?". Bom, Rita mudou.
Falava abertamente de tudo. Sexo, drogas, feminismo, rock-and-roll puro. Sem papas na língua, essa magrela sardenta e ruivinha foi sex symbol de uma geração de paz e amor que queria cantar e dançar ao som desta ovelha negra embalada pelos acordes do amado Roberto de Carvalho, que sempre esteve do seu lado, mesmo quando os críticos atacavam sua guitarra pop rock.
Aos 75 anos, Rita saiu de cena deixando um legado e exemplo de não se importar com o que falam por aí para todas, todos, todes, tudo.
Afinal, "se a Deborah Kerr que o Gregory Peck", porque a gente vai bancar o santinho?
Vida eterna a tudo que Rita nos deixou, da música às frases, afinal, toda a mulher (e todos nós) somos meio Rita Lee.
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