Opinião
O dia dos nossos povos originários
É preciso trazer à tona a verdadeira história do Brasil, resgatando fatos e não apenas a versão colonizadora
Última atualização: 19/04/2024 19:48
O 19 de abril é um dia de importante reflexão sobre as origens do País.
O Dia dos Povos Indígenas, instituído com esta nova denominação em 2022 (em substituição ao Dia do Índio, criado há 81 anos), é uma data para revermos a história do Brasil - ou Pindorama ("terra das palmeiras") como eram chamadas estas terras continentais pelos nossos povos originários.
Há tempos se discute o “Descobrimento do Brasil”, lembrado exatamente nesta segunda-feira, 22 de abril. Lideranças indígenas e pesquisadores rechaçam essa tal "descoberta" e caracterizam a chegada dos portugueses como uma ocupação, uma conquista, que se deu em cima de muitas mortes e a escravização dos nativos, que acabaram sendo chamados de "índios" porque os portugueses achavam que tinham chegado nas Índias, segundo dizem alguns historiadores.
A ideia de que Cabral e seus portugueses descobriram este vasto país continental é uma visão dos colonizadores europeus, que cruzavam os mares em busca de novas terras para conquistar e explorar.
Como dizem muitos representantes indígenas, como poderiam os portugueses descobrir o Brasil se aqui já haviam povos estabelecidos? Os nativos já habitavam há séculos estas terras e os colonizadores europeus as invadiram, conquistaram e se apossaram delas, redistribuindo entre eles terras que eram dos povos nativos.
E aí se inicia uma guerra que até hoje persiste sobre a posse das terras, polarizando ideologias que batalham sem buscar uma solução pacífica e justa.
O Brasil foi construído sobre este conceito de que os portugueses é que tinham direito às terras. E nesta ânsia de posse, distribuíram as suas ditas "propriedades" entre os imigrantes sem se importar com os que ali já habitavam, no caso, os indígenas, tidos apenas como selvagens, sem alma, e, assim, passíveis de se tornarem alvos de aniquilação sem que isso fosse um crime. Além disso, tinha a exploração (do tipo "achado não é roubado") sem limites das riquezas naturais.
“Nós não somos o que, infelizmente, muitos livros de História ainda costumam retratar”, disse a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, em sua posse no ano passado.
Trata-se de uma triste verdade. A história do Brasil, contada pelos conquistadores e repassadas às nossas crianças nas escolas nestes cinco séculos, precisa ser revista e melhor contada, sem polarizações, mas com a consciência de que este vasto País carece de uma visão mais clara do que realmente aconteceu nestes 500 anos da chegada dos colonizadores portugueses, que se declaram donos e fizeram destas terras o que bem entenderam.
O Brasil é vasto. E foi construído por muitas etnias. É uma história que ainda se constrói e vai além de 500 anos, e que precisa ser contada por nós, de forma consciente, e não mais empurrada pelos colonizadores que a escreveram como se fossem heróis.
É preciso contar - sem revanchismo - a verdadeira História do Brasil, para que esse "H" seja realmente maiúsculo.
O Dia dos Povos Indígenas, instituído com esta nova denominação em 2022 (em substituição ao Dia do Índio, criado há 81 anos), é uma data para revermos a história do Brasil - ou Pindorama ("terra das palmeiras") como eram chamadas estas terras continentais pelos nossos povos originários.
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O Dia dos Povos Indígenas, instituído com esta nova denominação em 2022 (em substituição ao Dia do Índio, criado há 81 anos), é uma data para revermos a história do Brasil - ou Pindorama ("terra das palmeiras") como eram chamadas estas terras continentais pelos nossos povos originários.