OPINIÃO

O caos de uma "inauguração" inesperada da nova ponte da BR-116

Obra emergencial para reparar muro de contenção sob ponte da várzea do Sinos obrigou mobilização rápida para a construção de um desvio; o congestionamento para se realizar o trabalho tornou a rodovia um exercício de paciência

Publicado em: 04/08/2023 20:31
Última atualização: 25/10/2023 15:30

Dois anos e quatro meses após o início da construção, as pontes da BR-116 sobre o Rio dos Sinos e sua várzea estão em uso, "inauguradas" com a passagem de milhares de veículos. Mas não é algo previsto, como se queria. Na realidade, o uso das novas travessias no sentido interior-capital é totalmente imprevisto, fruto de uma decisão emergencial.

As novas pontes estão sendo utilizadas emergencialmente, em uma rápida adaptação de desvio para o fluxo no sentido Novo Hamburgo-São Leopoldo, para possibilitar o reparo do desabamento do muro de contenção sob a as pontes "antigas" da várzea.

Visão sob a ponte da várzea do Rio do Sinos na BR-116 onde o muro de contenção desabou Foto: Especial GES

O desabamento, segundo nota do Dnit, ocorreu após as cheias de junho e julho. O muro é alto, um pouco mais de quatro metros de altura, e caiu totalmente sob a cabeceira sul da ponte da várzea.

O perigo não é exatamente de desabamento da ponte, mas da pista que interliga ela à outra ponte do rio. Sem o muro de contenção, o aterro pode desabar e trazer a pista com ele.

A ideia é reconstruir essa contenção até domingo (dia 6), liberando, então, o tráfego normalmente. Mas, antes disso, a pista no sentido São Leopoldo-Scharlau também será desviada. A ideia inicial era desviar para as novas pontes deste sentido, como o Dnit divulgou na noite de quinta-feira (dia 3), quando a obra emergencial foi anunciada.

Mas o novo planejamento será de desviar este trânsito na "contramão". Ou seja, Na pista do sentido interior-capital, que seguirá desviada pelo improvisado trajeto das pontes novas até que os reparos sejam concluídos.

Obra no local do desabamento de muro de contenção da ponte da várzea do Sinos na BR-116 Foto: Guilherme Schmidt/GES-Especial

Tudo em nome da segurança, algo que é preciso destacar nesta obra emergencial da empresa que é responsável pelos trabalhos e o Dnit. Visto o problema do muro, a imediata decisão foi de fazer o reparo para evitar qualquer risco de acidente no local.   

Mas se por um lado é preciso destacar a agilidade na busca de uma solução, é também preciso falar do transtorno que serão estes três dias (a princípio) de obras.

 O TAMANHO DA PACIÊNCIA E DO ENGARRAFAMENTO

Imaginem dois carros: um saindo do limite de Novo Hamburgo com São Leopoldo e outro de Porto Alegre em direção a Tramandaí. A primeira distância (contando-se da Scharlau às pontes do Sinos) é de aproximadamente 5 quilômetros; a segunda, 122 quilômetros. Qual chegará primeiro ao seu destino? Fácil, né? Ou não?

As obras emergenciais na ponte da BR-116 sobre a várzea do Rio dos Sinos (um "braço" do rio criado para conter as enchentes no sistema de diques) estão fazendo com que o tempo que se leva para ir da capital ao litoral seja praticamente o mesmo que se leva para atravessar o trecho leopoldense da BR-116.

Desvio nas pontes da BR-116 na noite de sexta-feira (4) Foto: Guilherme Schmidt/GES-Especial

Talvez, com sorte e conhecimento de ruas dos bairros Scharlau e Campina ou Santos Dumont e Rio dos Sinos, o motorista consiga encurtar o tempo perdido (nunca a distância) para atravessar o Rio dos Sinos. São quatro pontes hoje. A da BR-116 (onde está o caos e a obra), a histórica Ponte 25 de Julho (a ponte de ferro) na qual é proibido o tráfego de caminhões e ônibus; a Ponte Henrique Roessler e a ponte mais nova de todas (que completou ano passado apenas 10 anos), a do trem, na Avenida Mauá.

Mas a verdade é que o trajeto curto de 5 a 6 quilômetros, que poderia ser percorrido em alguns minutos (seria uns cinco, se usada a velocidade permitida de 80km/h - uns 15 se tivesse grande fluxo de veículos) acaba se transformando em muito mais, e neste caso da obra, quase uma hora para mais em horário comercial.

Nesta sexta-feira (4), aliás, era muito mais. De uma hora e meia a duas horas foi o tempo levado para se percorrer o trajeto Novo Hamburgo-São Leopoldo, que, até as 17 horas, tinha trânsito muito, mas muito lento para fazer com que se tornasse viável a utilização das novas pontes construídas sobre o rio e sua várzea.

 Mas, enfim, este será o "preço" da segurança e da necessidade das obras do angustiante trecho leopoldense da BR-116, que, espera-se, até o final do ano terá uma nova configuração, com as pontes totalmente liberadas (e sem improvisos), pistas com três faixas e novos viadutos para desafogar o encontro da rodovia federal e a RS-240, na Scharlau.

E que também venha a obra da extensão da BR-114 (Sapucaia do Sul- Portão) e da RS-010, que gerarão novas alternativas de caminhos entre o Vale do Sinos e a capital. 

 Mas, por enquanto, a gente segue esperando, na fila do engarrafamento. Indignadamente paciente e sem ter muito o que fazer. À espera das melhorias.

Tudo em nome da mobilidade, segurança e desenvolvimento da região que hoje sofre com um trânsito caótico. 

Que tudo dê certo. Paciência agora ( e ele seguirá até o final do ano nos horários comerciais e de maior fluxo nos finais de semana) para que tenhamos um trânsito menos angustiante a partir de 2024.

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