Dois anos e quatro meses após o início da construção, as pontes da BR-116 sobre o Rio dos Sinos e sua várzea estão em uso, “inauguradas” com a passagem de milhares de veículos. Mas não é algo previsto, como se queria. Na realidade, o uso das novas travessias no sentido interior-capital é totalmente imprevisto, fruto de uma decisão emergencial.
As novas pontes estão sendo utilizadas emergencialmente, em uma rápida adaptação de desvio para o fluxo no sentido Novo Hamburgo-São Leopoldo, para possibilitar o reparo do desabamento do muro de contenção sob a as pontes “antigas” da várzea.
O desabamento, segundo nota do Dnit, ocorreu após as cheias de junho e julho. O muro é alto, um pouco mais de quatro metros de altura, e caiu totalmente sob a cabeceira sul da ponte da várzea.
O perigo não é exatamente de desabamento da ponte, mas da pista que interliga ela à outra ponte do rio. Sem o muro de contenção, o aterro pode desabar e trazer a pista com ele.
A ideia é reconstruir essa contenção até domingo (dia 6), liberando, então, o tráfego normalmente. Mas, antes disso, a pista no sentido São Leopoldo-Scharlau também será desviada. A ideia inicial era desviar para as novas pontes deste sentido, como o Dnit divulgou na noite de quinta-feira (dia 3), quando a obra emergencial foi anunciada.
Mas o novo planejamento será de desviar este trânsito na “contramão”. Ou seja, Na pista do sentido interior-capital, que seguirá desviada pelo improvisado trajeto das pontes novas até que os reparos sejam concluídos.
Tudo em nome da segurança, algo que é preciso destacar nesta obra emergencial da empresa que é responsável pelos trabalhos e o Dnit. Visto o problema do muro, a imediata decisão foi de fazer o reparo para evitar qualquer risco de acidente no local.
Mas se por um lado é preciso destacar a agilidade na busca de uma solução, é também preciso falar do transtorno que serão estes três dias (a princípio) de obras.
O TAMANHO DA PACIÊNCIA E DO ENGARRAFAMENTO
Imaginem dois carros: um saindo do limite de Novo Hamburgo com São Leopoldo e outro de Porto Alegre em direção a Tramandaí. A primeira distância (contando-se da Scharlau às pontes do Sinos) é de aproximadamente 5 quilômetros; a segunda, 122 quilômetros. Qual chegará primeiro ao seu destino? Fácil, né? Ou não?
As obras emergenciais na ponte da BR-116 sobre a várzea do Rio dos Sinos (um “braço” do rio criado para conter as enchentes no sistema de diques) estão fazendo com que o tempo que se leva para ir da capital ao litoral seja praticamente o mesmo que se leva para atravessar o trecho leopoldense da BR-116.
Talvez, com sorte e conhecimento de ruas dos bairros Scharlau e Campina ou Santos Dumont e Rio dos Sinos, o motorista consiga encurtar o tempo perdido (nunca a distância) para atravessar o Rio dos Sinos. São quatro pontes hoje. A da BR-116 (onde está o caos e a obra), a histórica Ponte 25 de Julho (a ponte de ferro) na qual é proibido o tráfego de caminhões e ônibus; a Ponte Henrique Roessler e a ponte mais nova de todas (que completou ano passado apenas 10 anos), a do trem, na Avenida Mauá.
Mas a verdade é que o trajeto curto de 5 a 6 quilômetros, que poderia ser percorrido em alguns minutos (seria uns cinco, se usada a velocidade permitida de 80km/h – uns 15 se tivesse grande fluxo de veículos) acaba se transformando em muito mais, e neste caso da obra, quase uma hora para mais em horário comercial.
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Nesta sexta-feira (4), aliás, era muito mais. De uma hora e meia a duas horas foi o tempo levado para se percorrer o trajeto Novo Hamburgo-São Leopoldo, que, até as 17 horas, tinha trânsito muito, mas muito lento para fazer com que se tornasse viável a utilização das novas pontes construídas sobre o rio e sua várzea.
Mas, enfim, este será o “preço” da segurança e da necessidade das obras do angustiante trecho leopoldense da BR-116, que, espera-se, até o final do ano terá uma nova configuração, com as pontes totalmente liberadas (e sem improvisos), pistas com três faixas e novos viadutos para desafogar o encontro da rodovia federal e a RS-240, na Scharlau.
E que também venha a obra da extensão da BR-114 (Sapucaia do Sul- Portão) e da RS-010, que gerarão novas alternativas de caminhos entre o Vale do Sinos e a capital.
Mas, por enquanto, a gente segue esperando, na fila do engarrafamento. Indignadamente paciente e sem ter muito o que fazer. À espera das melhorias.
Tudo em nome da mobilidade, segurança e desenvolvimento da região que hoje sofre com um trânsito caótico.
Que tudo dê certo. Paciência agora ( e ele seguirá até o final do ano nos horários comerciais e de maior fluxo nos finais de semana) para que tenhamos um trânsito menos angustiante a partir de 2024.