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Opinião

O adeus ao eterno "tio Julio"

Apaixonado pela música coral, Julio Ebert deixou enlutados milhares de "Luizinhos"

Guilherme Schmidt
Publicado em: 26/11/2024 às 23h:59
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Conheci Julio Ebert, o “tio Julio”, em 1984, há 40 anos. A ponte foi a mesma que fez muita gente – mas muita gente mesmo, milhares – ter o primeiro contato com ele: o Coral Luizinho. Ou, como, ele mesmo diria, “o amor (e paz) pela música”.

Julio Ebert e Coral Luizinho | abc+



Julio Ebert e Coral Luizinho

Foto: Divulgação

Curiosamente, nunca fiz parte do coral infanto-juvenil hamburguense, marcado pelos shows de música e danças folclóricas com coreografias cheias de cor e energia – e olha que até cantei em baile de aniversário do grupo. Mas, mesmo sem entrar no coral, minha trajetória, a partir daquele ano, foi toda relacionada, de certo modo, com o Luizinho.

LEIA: Morre Julio Ebert, o tio do Coral Show Luizinho

Tive banda com pessoal ligado ao coral, amizades, shows e até ajudava a montar e a desmontar a aparelhagem de som e luz algumas vezes… Até casei com uma integrante do coral (cujo os pais participaram do Luizinho, inclusive para erguer a sonhada sede), com quem construi minha família. Como jornalista da área cultural nos anos 1980 e 90, no NH, fiz matérias e assisti a tantos shows que cantar de mãos dadas a canção popular O Montanhês no final das apresentações já era algo orgânico.

E no final de cada show lá estava o Julio, chamando a todos com sua voz grave e levemente rouca para dar as mãos uns aos outros para entoar O Montanhês e seu refrão “e me dê a mão”, que foi cantado no palco por tanta gente, inclusive pelas filhas do Julio. Sim, porque o coral era mais que música. Era família. A esposa Dóris (sempre ativa nos bastidores, ajudando principalmente nos figurinos das crianças e adolescentes) e as filhas Jaqueline, Juliana e Jeanine, que passaram pelo canto e dança no palco, viveram com ele esta jornada de “amor e paz pela música”.

Diplomático, enérgico e sério (quando preciso), mas sempre sorridente e pronto para buscar dar o seu jeitinho para que tudo desse certo no final. Esse era o Julio. Foi uma jornada de conquistas, de batalhas, com algumas decepções, é verdade, mas sempre buscando seguir em frente com o coração, acima de tudo.

Julio nos deixou na noite desta terça-feira, 26 de novembro, aos 85 anos, mas a história construída seguirá contada por todos os “Luizinhos” (coralistas, músicos, dançarinas e dançarinos, pais destas gerações todas) que ele arregimentou ao longo de quase meio século de história (o coral completa seus 50 anos em 2025).

Participei desta família e sei o quanto Julio foi importante nesta jornada que percorreu em meio a muitas batalhas. Talvez ele não tenha tido ideia de quantas pessoas ele afetou com esta sua caminhada de “amor e paz pela música”. Mas, certamente, foram centenas, milhares.

Amor e paz pela música, Julio. Amor e paz para você e a toda sua família e a todos “Luizinhos” que hoje choram sua partida, mas que, certamente, darão boas risadas ao relembrar das tantas histórias que tiveram ao lado do “tio Julio”, do pai Julio, do vô Julio, do marido Julio, do amigo Julio.

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