BOAS LEMBRANÇAS
Natal transplantado
Memórias que nos levam longe
Última atualização: 19/12/2024 22:11
Os alfeneiros em flor, trazendo sombra fresca para as ruas, exalavam um maravilhoso aroma de Natal. Essa é a minha memória olfativa dessa época tão bonita do ano. Tranquilamente a temperatura podia passar dos 30°C.
A imagem do Natal, no entanto, remete a paisagens europeias de inverno que, até a vida adulta, eu nunca havia vivido. As canções eram entoadas no idioma familiar das colônias alemãs, onde minha infância pôde extravasar. A heilige Nacht (noite santa) era momento de entoar o Tannenbaum (pinheirinho) que mantinha-se verde e viçoso, como deveria estar também nossa esperança.
As casas recebiam um tratamento especial. Estavam brilhantemente limpas para receberem o Christkind (menino Jesus). Na casa da avó Erna, uma imagem recortada de um calendário e, devidamente emoldurada, trazia a branca neve de uma paisagem distante para junto do pinheirinho ornamentado na sala de estar. O presépio era instalado sob a árvore enfeitada com bolinhas ornamentadas e extremamente frágeis. Além das guirlandas, tufos de algodão representavam a neve nunca presenciada no Natal subtropical. Tudo conspirava a favor de uma noite maravilhosa. Aprendemos a fazer com a avó também os biscoitos de Natal. Eram gorduchos, com uma cobertura colorida sobre o branco da clara de ovo batida em neve e abundantemente doce.
Cores, aromas e texturas indicavam um momento do ano que havia sido transplantado de outro continente e de outro hemisfério, para aqui renovar-se a cada ano. O Pelznickel (alusão a São Nicolau) presenteava as crianças bem-comportadas com guloseimas. Para as que não foram obedientes havia uma varinha. Por vezes, as balinhas eram distribuídas com uma carinhosa puxadinha de orelha. Mantenhamo-nos bem comportados. Fica a dica para um feliz Natal.
A imagem do Natal, no entanto, remete a paisagens europeias de inverno que, até a vida adulta, eu nunca havia vivido. As canções eram entoadas no idioma familiar das colônias alemãs, onde minha infância pôde extravasar. A heilige Nacht (noite santa) era momento de entoar o Tannenbaum (pinheirinho) que mantinha-se verde e viçoso, como deveria estar também nossa esperança.
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A imagem do Natal, no entanto, remete a paisagens europeias de inverno que, até a vida adulta, eu nunca havia vivido. As canções eram entoadas no idioma familiar das colônias alemãs, onde minha infância pôde extravasar. A heilige Nacht (noite santa) era momento de entoar o Tannenbaum (pinheirinho) que mantinha-se verde e viçoso, como deveria estar também nossa esperança.