Opinião
Mais um ponto para o pedágio free flow na polêmica da RS-239
Polêmica de desvio de fluxo (e arrecadação) no pedágio da RS-239, em Campo Bom, mostra mais uma vez que o Estado vai adotar o novo sistema de cobrança em suas rodovias
Última atualização: 01/03/2024 08:41
A polêmica literalmente aberta com uma vala no desvio do pedágio da RS-239, em Campo Bom, é mais uma mostra que o Estado vai direcionar seu arsenal para a adoção do sistema free flow de cobrança de pedágio nas nossas rodovias.
A modalidade de pedagiamento teve seu caminho aberto com a lei federal 14.157/21, que alterou o Código de Trânsito Brasileiro, em 2021, para permitir a criação de um sistema de livre passagem no Brasil sem as tradicionais praças físicas com as cabines de cobrança.
Através do uso de pórticos, estruturas com câmeras, sensores e antenas, os veículos são identificados e classificados por categorias através de uma tag de pedágio ou de sua própria placa. E aí fica por conta do motorista/proprietário do veículo a tarefa de quitar o pedágio cobrado. Na BR-101, entre Rio de Janeiro e Santos (SP), a empresa CCR adotou 15 dias como o prazo limite de quitação da tarifa. Não pagou, multa.
Estes pórticos são instalados junto aos principais acessos da estrada. Imagina-se, que no caso da RS-239, este sistema seria instalado ali no entroncamento com a BR-116, em Novo Hamburgo, por exemplo. Isso eliminaria a atual praça de Campo Bom, que virou centro de polêmica porque, segundo a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), há uma perda de 70% da arrecadação por causa do desvio no sentido capital-interior.
A bem da verdade, não é apenas o valor que faz com que muitos motoristas desviem. As longas filas nas cabines também provocam esta evasão. Ou seja, a ineficácia e morosidade do serviço de cobrança acaba fazendo com que mais motoristas desviem "por dentro" de Campo Bom, já que o trecho é relativamente curto (ele é de cerca de 1,4km contra o 0,6km passando pelo pedágio).
Com o free flow este desvio das filas e do para-e-arranca seria solucionado. Só a cobrança é que seguiria, enfim, já que o Estado faliu, alguém tem que pagar a conta das nossas rodovias. Por isso, a concessão foi a saída para o Estado se livrar do problema e ainda lucrar com esta "parceria", um negócio e tanto para os governantes.
Seja como for, a polêmica do pedágio da RS-239 é mais um reforço do Estado na direção do free flow. Por anos, a EGR (que é do Estado) não fez nada contra o desvio campo-bonense. Agora, em meio às ferrenhas discussões sobre a concessão e pedagiamento das rodovias estaduais, o desvio é esburacado com a explicação de que é preciso fazer uma tubulação. Se era isso, porque a EGR não avisou antes a Prefeitura? Faltou diálogo, sem dúvida.
Mas esse não diálogo é uma clara pista de que o free flow vem aí com toda a força. Seja na 239, na 118 (mesmo que se tenha dito que não haveria pedágio nela) ou aonde cobrar para investir for necessário. O motorista não vai mais parar, mas vai pagar sob os pórticos de arrecadação rodoviária. É o chamado preço do progresso.
A modalidade de pedagiamento teve seu caminho aberto com a lei federal 14.157/21, que alterou o Código de Trânsito Brasileiro, em 2021, para permitir a criação de um sistema de livre passagem no Brasil sem as tradicionais praças físicas com as cabines de cobrança.
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A modalidade de pedagiamento teve seu caminho aberto com a lei federal 14.157/21, que alterou o Código de Trânsito Brasileiro, em 2021, para permitir a criação de um sistema de livre passagem no Brasil sem as tradicionais praças físicas com as cabines de cobrança.