MEMÓRIAS
Lembranças do veraneio da infância
Não existia protetor solar e o máximo era o nariz pintado de Hipoglos
Andei pensando nos veraneios da minha família quando eu era criança, adolescente e adulta se comparados com os dias de hoje. Nasci em 1967, portanto já tenho mais de meio século de tradição e cultura. Nessa crônica começo pela infância.
Meu avô tinha um apartamento na praia de Albatroz no térreo e, como eram três filhas, cada uma tinha o direito de ficar 20 dias de veraneio.
O apartamento tinha dois quartos. Num deles ficava meus avós e no noutro meus pais, eu e meu irmão num beliche. Cozinha minúscula, sala de jantar com um sofá de courino. Se você se sentasse depois de um dia de muito sol, seria capaz de deixar a derme e a epiderme grudada.
Nas sextas minha mãe colocava uns rolos na cabeça para esperar meu pai. Ele cozinhava superbem e tinha fritada de papas-terras que pescávamos.
Havia um televisor portátil que parecia uma melancia numa carapaça azul que jamais pegava um mísero canal. A única imagem eram as pessoas fantasmas que iam e vinham numa chiadeira só. Não tinha antena, bombril ou santo que a fizesse funcionar.
A distração eram os jogos de víspora, pega-varetas e damas. Meu irmão era habilidoso em fazer pandorgas e não tinha linha que bastasse. Vento nunca faltou no nosso litoral.
Ir ao mar nos primeiros dias era possível desde que fôssemos tomar banho com camiseta. Não existia protetor solar e o máximo era o nariz pintado de Hipoglos. Se tomasse aquele torrão, azar o seu, você seria besuntado com vinagre e virava a salada da casa. Sobrevivemos.
Andei pensando nos veraneios da minha família quando eu era criança, adolescente e adulta se comparados com os dias de hoje. Nasci em 1967, portanto já tenho mais de meio século de tradição e cultura. Nessa crônica começo pela infância.
Meu avô tinha um apartamento na praia de Albatroz no térreo e, como eram três filhas, cada uma tinha o direito de ficar 20 dias de veraneio.
O apartamento tinha dois quartos. Num deles ficava meus avós e no noutro meus pais, eu e meu irmão num beliche. Cozinha minúscula, sala de jantar com um sofá de courino. Se você se sentasse depois de um dia de muito sol, seria capaz de deixar a derme e a epiderme grudada.
Nas sextas minha mãe colocava uns rolos na cabeça para esperar meu pai. Ele cozinhava superbem e tinha fritada de papas-terras que pescávamos.
Havia um televisor portátil que parecia uma melancia numa carapaça azul que jamais pegava um mísero canal. A única imagem eram as pessoas fantasmas que iam e vinham numa chiadeira só. Não tinha antena, bombril ou santo que a fizesse funcionar.
A distração eram os jogos de víspora, pega-varetas e damas. Meu irmão era habilidoso em fazer pandorgas e não tinha linha que bastasse. Vento nunca faltou no nosso litoral.
Ir ao mar nos primeiros dias era possível desde que fôssemos tomar banho com camiseta. Não existia protetor solar e o máximo era o nariz pintado de Hipoglos. Se tomasse aquele torrão, azar o seu, você seria besuntado com vinagre e virava a salada da casa. Sobrevivemos.
Meu avô tinha um apartamento na praia de Albatroz no térreo e, como eram três filhas, cada uma tinha o direito de ficar 20 dias de veraneio.