Gerações foram atendidas por eles no comércio de São Leopoldo. Referências na arte de vender, cada um em sua atividade varejista e com estilo próprio. Precisamente na entrega de algo mediante o processo de troca de mercadorias: um produto pelo seu valor correspondente de capital.
Minha avó materna Elsítia e meu tio-avô materno Siliano davam “show” – a calhar o verbo inglês e sua tradução literal (mostrar) – em vendas.
Embora diferentes, esses irmãos utilizavam a intuição e a perspicácia na comercialização de bens e serviços, com o tino para os negócios dos antepassados germânicos que migraram ao Sul de nosso País a partir de 1824. Ao acompanhar minha mãe Ione nos estabelecimentos bancários e percorrer o comércio local, os observava cuidadosamente sem saber que me tornaria um comunicador interessado no estudo dos princípios do marketing e das relações de mercado que envolvem empresas, colaboradores e clientes.
Elsítia, invocava o domínio do dialeto alemão no balcão em uma [extinta] loja de lãs e linhas para conquistar e fidelizar suas clientes. A maioria delas formada por senhoras que tinham por hábito fazer crochê ou tricô e apreciavam ser atendidas por ela.
Já meu tio-avô Siliano, esbanjava a simplicidade gaudéria de homem rústico. Por vezes trabalhava pilchado – aliás, nos primórdios de uma tradicional loja de ferragens e utilidades da cidade, único empregador em sua vida, seguia a cavalo para o trabalho lá pelo final dos anos 1940.
Bem à moda da sabedoria popular e da intuição vendiam como poucos. Conheciam seus clientes pelo nome. Mais que isso, conheciam as necessidades e os desejos deles sem nunca terem lido ou ouvido falar de Philip Kotlher, o papa do marketing moderno. No empirismo e na experiência tornaram-se ícones na arte de vender e encantar.
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