REFLEXÃO
História de aniversário
A beleza do caminho não justifca a imprudência
Última atualização: 01/01/2025 23:00
A BR-116, entre Dois Irmãos e Nova Petrópolis, é, ou deve ser, a estrada mais linda do Brasil. Viajar da Capital a Gramado ou Caxias do Sul tem outro sabor. Espécie de cartão de visita do que estamos para ver na Serra Gaúcha. Não importa se primavera ou outono, é um trajeto maravilhoso. Cortada entre os plátanos, centenas ou milhares, de dezenas de metros de altura, em muitos trechos formando um túnel verde. Ou deixando entrever as serras distantes, visíveis após os vales abruptos que seguem ao lado da rodovia. Perigosa. Os múltiplos acidentes mostram porque os locais que permitem passagem são em menor número que as duplas faixas amarelas.
Na descida por onde eu vinha, a estrada se perdia no horizonte fechado da mata. Ao lado esquerdo, longe, despontava o outro lado do vale. Em um desses idílicos lugares, um casal tirava fotos à beira da estrada, viagem de núpcias, de passeio, sei lá. Talvez residentes de outro Estado, deslumbrados pelo panorama. À minha frente um veículo andava lentamente. Passadas mil vezes por lá, deixei que os estranhos se deleitassem e segui em frente cruzando uma faixa dupla. Lá no fim reta, entre as sombras do meio-dia, a Polícia Rodoviária me esperava...
O casal, não era um casal. A máquina fotográfica não era fotográfica. Verdadeiro só o carro que passei. Cujo motorista - convenhamos - foi muito mais esperto do que eu. Estacionei. O guarda fardado veio pedir minha carteira e saber se o carro era meu. Olhou-a, voltou para a sombra e entregou para um magro alto. Passados instantes o alto veio me devolver a carteira. Nosso diálogo: "Seu guarda: estou de aniversário amanhã". Resposta dele: "Eu sei, meu colega já disse. Muitas felicidades, mas a multa segue!" A la pucha tchê!
Na descida por onde eu vinha, a estrada se perdia no horizonte fechado da mata. Ao lado esquerdo, longe, despontava o outro lado do vale. Em um desses idílicos lugares, um casal tirava fotos à beira da estrada, viagem de núpcias, de passeio, sei lá. Talvez residentes de outro Estado, deslumbrados pelo panorama. À minha frente um veículo andava lentamente. Passadas mil vezes por lá, deixei que os estranhos se deleitassem e segui em frente cruzando uma faixa dupla. Lá no fim reta, entre as sombras do meio-dia, a Polícia Rodoviária me esperava...
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Na descida por onde eu vinha, a estrada se perdia no horizonte fechado da mata. Ao lado esquerdo, longe, despontava o outro lado do vale. Em um desses idílicos lugares, um casal tirava fotos à beira da estrada, viagem de núpcias, de passeio, sei lá. Talvez residentes de outro Estado, deslumbrados pelo panorama. À minha frente um veículo andava lentamente. Passadas mil vezes por lá, deixei que os estranhos se deleitassem e segui em frente cruzando uma faixa dupla. Lá no fim reta, entre as sombras do meio-dia, a Polícia Rodoviária me esperava...