CATÁSTROFE NO RS
Flagelados entre enchentistas
De repente nos vimos frente a frente com uma única saída: abraçar o outro
Última atualização: 20/05/2024 21:10
Por pouco essa coluna não se intitulou "sem assunto". Afinal, se até o e-mail pode se dar ao luxo de ser enviado sem assunto, por que não valeria para este texto? Tentava fugir um pouco do alcance da catástrofe que se abateu sobre o Estado. No entanto, a enchente de opiniões e posições que invadiu a mídia me leva a tirar algumas conclusões.
Muito fácil e seguro é atribuir à revolta da natureza a intensidade das chuvas. Parece cientificamente o caminho mais racional. O desmatamento da Amazônia, a administração do lixo, grosso modo a intervenção nefasta do homem sobre aquilo que lhe veio pronto, esse mundão de Deus.
Mas tenho a ousadia de enxergar o fenômeno como um alerta civil de prearrebatamento. Notem que paramos com quase tudo: a velocidade no trânsito forçosamente diminuiu pelos bloqueios, a busca neurótica por bater metas ficou em segundo plano e até mesmo a ausência nos locais de trabalho foi tolerada, aliás com toda a justiça. De repente nos vimos frente a frente com uma única saída: abraçar o outro.
Concluímos que não estávamos prontos para um sinal de tamanha envergadura. Não tínhamos escoamento, nem treinamento, equipamento, tampouco discernimento. Ficamos à deriva, embaixo d'água. Sem solução. A não ser amar ao próximo.
Compartilhar das suas dores, das suas perdas e chorar junto de ilustres desconhecidos. Vínhamos flagelados há bastante tempo. Tragédias como a Covid não acontecem por acaso. Elas vêm regar nosso coração de empatia, perdão e recuperação sobre a propriedade do planeta. Essa Terra tem dono.
Muito fácil e seguro é atribuir à revolta da natureza a intensidade das chuvas. Parece cientificamente o caminho mais racional. O desmatamento da Amazônia, a administração do lixo, grosso modo a intervenção nefasta do homem sobre aquilo que lhe veio pronto, esse mundão de Deus.
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Muito fácil e seguro é atribuir à revolta da natureza a intensidade das chuvas. Parece cientificamente o caminho mais racional. O desmatamento da Amazônia, a administração do lixo, grosso modo a intervenção nefasta do homem sobre aquilo que lhe veio pronto, esse mundão de Deus.