Uma torcedora apaixonada, morta por estilhaços de uma garrafa de vidro na chegada ao estádio para o jogo entre Palmeiras e Flamengo. 23 anos. Uma vida ceifada no lugar preferido de diversão dela.
Porque, afinal de contas, o esporte deveria ser isso: um espaço de diversão.
Os pais estavam no jogo porque esse sempre foi um programa em família. Eles a encontrariam do lado de dentro do estádio para vibrarem juntos na arquibancada.
Porque, afinal de contas, o esporte deveria ser isso: famílias reunidas, festejando a paixão pelo clube do coração.
Mas ela nem chegou a entrar, atingida na jugular por um rapaz tão jovem quanto ela: 26 anos, sem antecedentes criminais. Mas ali, no contexto do inadmissível, se tornou suspeito do assassinato de alguém que, assim como ele, amava um time e só queria a vitória em campo.
Porque, afinal de contas, o esporte deveria ser isso: respeitar quem sente o mesmo que você, mesmo que com cores opostas.
Quando alguém atira uma garrafa aos ares, contra pessoas, sabe que o risco é acertar uma delas. Gabriela pagou o risco da inconsequência de um duelo que não leva a nada, mas que também ninguém faz nada para coibir.
O que vimos após o ocorrido foi um festival de notas de lamento com artes bem elaboradas, mas logo ali tem jogo de novo e quem gera violência nos estádios segue a vida sem medo da punição, que é praticamente inexistente.
E assim vamos contabilizando derrotas como sociedade. Vendo atuações abaixo da esperada dos órgãos competentes, de confederações, de federações, clubes, imprensa, torcidas… organizadas ou não. E todos fechando os olhos para o gol contra que isso tem sido para novos registros fatídicos dessa doentia relação que em nada tem a ver com o esporte, que jamais deveria ser resumido a isso que estamos vendo e vivendo.
Um minuto de silêncio para Gabriela, e para o descaso que acabou com a vida dela.
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