É do ser humano dar uma “espiadinha” na vida alheia. Antigamente eram os vizinhos fuxiqueiros que espalhavam a vida dos outros. Hoje o mundo compartilha sobre si mesmo e expõe dores e amores para que todos saibam e vejam. Mas ainda assim, não mostram tudo. Ninguém que os acompanha é capaz de julgar o que não vive, mesmo que participe.
O Big Brother começa segunda-feira e eu fico abismada do quanto os anos não são capazes de diminuir o interesse do público que torna cada vez mais sucesso um programa que “espia” o comportamento humano através do olhar que as câmeras nos conduzem e as edições nos condicionam. Mesmo assim achamos que tudo sabemos, e assim julgamos quem descartamos e quem merece o prêmio. Na vida real, será que sabemos tudo sobre o outro a ponto se preocupar tanto em determinar nossas opiniões através somente do nosso olhar?!
Na vida da rede social todo mundo é feliz, todo mundo viaja, todo mundo é unido, todo casal é apaixonado, toda comida é deliciosa. Porque vulnerabilidades não só temos dificuldades de escancarar, como também de ajudar. Tão fácil ver quem julga o que acompanha sem estender a mão se não lhe agrada. Mais fácil falar e comentar as contrariedades com a vida alheia, sem a empatia de viver com o outro novas recordações a serem compartilhadas.
Tenho uma conhecida que não vejo pessoalmente há 3 anos. Não converso, não sei da vida, não falo sobre mim com ela todo esse tempo. Afinal, somos conhecidas. Essa semana descobri que ela tinha muito a falar de mim para as outras pessoas. E me questionei: como alguém pode falar tanto sobre quem sequer sabe como anda?! Porque espia. E espia do jeito que acha certo. E faz teorias e as compartilha com a convicção de uma intimidade inexistente e de uma proximidade que só me faz querer distância.
Espiar quem você conhece é conversar, dialogar, amparar, trocar apoio e ensinamentos. Mais do que isso, diz muito mais sobre quem fala do que quem é assunto.
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