Opinião
Enfim, a luz chega à duplicada RS-118
Dois anos e 3 meses após a ampliação das faixas, Estado dá início à instalação do sistema de iluminação da rodovia entre as BRs 116 e 290
Última atualização: 29/02/2024 07:53
O início da colocação da iluminação no trecho duplicado da RS-118 chega após dois anos e três meses da entrega da obra de ampliação feita nos 22,4 quilômetros entre as BRs 116 e 290. Neste período, foram várias as vezes que alertamos nas páginas dos jornais do Grupo Sinos o perigo na rodovia estadual à noite, às escuras (e pior ainda quando chove), para motoristas e pedestres, já que a RS-118 atravessa áreas urbanas, principalmente em Sapucaia do Sul.
Um bem
É claro que, acima de tudo, devemos elogiar mais esta iniciativa do governo do Estado por mais este avanço rodoviário na região. Afinal, o governo Leite conseguiu concluir uma obra "novela" que, pelo menos, quatro governos estaduais anteriores não conseguiram, sempre empurrando com a barriga a questão. E a RS-118 não é uma rodovia qualquer. Ela une duas rodovias federais importantes da região e encurta caminhos. Não é por acaso que a 118 chegou a ficar conhecida como "atalho" à free way (BR-290).
Os R$ 15,7 milhões anunciados para a instalação da iluminação que deve ser concluída nos próximos cinco meses é um trabalho necessário no quesito segurança da rodovia. Depois de instalada, a luz na duplicada RS-118 passa a ser uma responsabilidade dos municípios por onde ela passa.
A ressalva
Só é preciso fazer a crítica em relação à demora, pois esta iluminação já havia sido prometida em 2020, depois em 2021 , 2022 e, só agora, finalmente, torna-se uma realidade. Uma rodovia deve ser considerada "pronta" quando atende a todos requisitos de estar concluída, com pavimentação de boa e segura trafegabilidade, sinalização e iluminação, além de, em passagens urbanas mais movimentadas, as imprescindíveis passarelas de pedestres. A 118, finalmente, caminha para esta "conclusão".
Mas será que...
Entre o elogio necessário e a pontual crítica, é preciso fazer uma outra avaliação em todas estas melhorias da RS-118 que chegam bancadas pelo Estado - e aí podemos colocar no pacote o complexo de acessos e retornos com elevada junto ao trecho da 118, em Gravataí, em seu encontro com a RS-030, próximo ao entroncamento com a free way e ao trecho "do outro lado" que ainda precisa ser duplicado.
Todo este trabalho - que certamente tem a ver com desenvolvimento, logística, mobilidade e segurança - chega junto com as polêmicas do plano de concessão das rodovias estaduais, que travou em sua sequência exatamente nas cobranças da RS-118. Cobrança no sentido literal, pois foi o movimento antipedágio nesta rodovia que fez o governo dar uma reavaliada no seu plano de concessões, que chegou a entregar já um bloco (o 3, que abrange rodovias como as RSs 240 e 122 - também envolvidas em protestos antipedágio em Portão, São Sebastião do Caí e Capela de Santana). Faltam os blocos 1 e 2, que pegam a 118 e outras estradas importantes com 239, 115, 040 e por aí vai.
A concessão das rodovias estaduais se baseia em alguns motivos questionáveis como "possibilita a realização de investimentos num contexto de restrição orçamentária" e o "setor privado tende a ser mais eficiente do que o setor público". Apesar de serem verdades, é quase que confessar que o Estado é incompetente em administrar o problema. A verdade não dita nas planilhas é que o Estado se livra de um problema (ter que investir e manter estradas) e ainda ganha um dinheiro com tudo isso. Quem paga? Ora, o nome já diz: o "contribuinte", ou seja, a população gaúcha.
Mas, voltando ao tema das melhorias na RS-118, todo este investimento do Estado parece também ter o claro objetivo de servir de mostra às lideranças municipais de que a 118, para ter a duplicação concluída (seriam mais 16km entre Gravataí, Alvorada e Viamão - até a RS-040) e a manutenção de seu trecho já duplicado, necessita de aporte financeiro que o Estado não terá como arcar após entregar as obras prometidas, no caso, a iluminação e o novo entroncamento com a RS-030.
No caso da iluminação, por exemplo, o Estado coloca o sistema mas a manutenção ficará com os municípios. Se a rodovia fosse pedagiada esta conta não iria para as prefeituras. Ou seja, o pedágio seria "bom" para as contas municipais.
O free flow
Ainda sem prazo de entrega, os novos estudos para concessão das rodovias estaduais devem trazer a a adoção da ideia já abordada em nosso noticiário do sistema free flow, o pedagiamento rodoviário sem praça física de cobrança. Apenas por leitura de tag (etiqueta eletrônica instalada no veículo) ou placa do veículo e pagamento eletrônico, algo que se tornou realidade nesta sexta-feira (31 de março), na BR-101 (Rio-Santos), administrada pela CCR no centro do País.
Vai dar polêmica igual. Afinal, o prometido pelo governador era de não ter pedágio na RS-118.
Só que, convenhamos, o free flow vai eliminar, pelo menos, as incômodas filas em praças de pedágio. É um novo tempo de uso das estradas que parece não ter volta. A incompetência do poder público em gerir os impostos cobrados de todos nós vai repassar esta conta da manutenção das rodovias para seus usuários.
E que se tenha a clareza de que não é algo que só afeta "motoristas" ou proprietários de veículos. Afeta a todos, pois o alimento, os produtos que todos consomem, passam pelas rodovias. E o custo deste transporte (seja com combustível ou pedágios) é pago por todos. Ou seja, não é apenas uma questão de pagar para usar a rodovia, senhores governantes. O pedágio é para toda a cadeia produtiva e a população que depende dela.
Um bem
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