LEMBRANDO
Elogio de dois gumes
A sandália plástica teve um precursor que, fatalmente, esteve à frente do seu tempo
Última atualização: 16/04/2024 08:43
Estar à frente do seu tempo carrega uma retórica elogiosa, mas encerra uma sensação de débil extemporaneidade. É sabido que muitas empresas e seus empreendedores anteciparam suas expectativas de mercado e não sobreviveram, porque seus consumidores ainda não estavam prontos para adotar as soluções que os novos produtos traziam.
Os sapatos masculinos de plástico são um claro exemplo desta tese. Durante muitos anos, receberam investimentos polpudos de suas marcas, mas acabaram irremediavelmente naufragando. Um dos pontos negativos é que produziam o detestável chulé. O homem de negócios, supostamente menos vaidoso do que a mulher, não aceitou caminhar com um injetado executivo, embora lhe garantisse a impermeabilidade dos pés nos dias úteis de chuva.
Já o injetado feminino, que notabilizou várias marcas populares de chinelos, sandálias e botinhas de chuva infantis, descendeu das armaduras dos garrafões de vinho para tomar conta do Brasil e do mundo pela genialidade dos irmãos Grendene.
Aqui mesmo no Vale do Sinos, há 60 anos, a sandália plástica teve um precursor que, fatalmente, esteve à frente do seu tempo. Não resistiu aos preconceitos das usuárias cativas de couro e sintéticos e sucumbiu, fazendo quase tudo certo antes da hora certa.
Sua agenda estava anos à frente dos consumidores. Era anunciante fiel da maior revista nacional da época, a Manchete. Foram precisos dez anos na linha do tempo para que o calçado plástico adotasse um nome próprio: Melissa. Você teria arriscado criar marca melhor para a que o Google usa hoje, viajando no tempo?
Estar à frente do seu tempo carrega uma retórica elogiosa, mas encerra uma sensação de débil extemporaneidade. É sabido que muitas empresas e seus empreendedores anteciparam suas expectativas de mercado e não sobreviveram, porque seus consumidores ainda não estavam prontos para adotar as soluções que os novos produtos traziam.
Os sapatos masculinos de plástico são um claro exemplo desta tese. Durante muitos anos, receberam investimentos polpudos de suas marcas, mas acabaram irremediavelmente naufragando. Um dos pontos negativos é que produziam o detestável chulé. O homem de negócios, supostamente menos vaidoso do que a mulher, não aceitou caminhar com um injetado executivo, embora lhe garantisse a impermeabilidade dos pés nos dias úteis de chuva.
Já o injetado feminino, que notabilizou várias marcas populares de chinelos, sandálias e botinhas de chuva infantis, descendeu das armaduras dos garrafões de vinho para tomar conta do Brasil e do mundo pela genialidade dos irmãos Grendene.
Aqui mesmo no Vale do Sinos, há 60 anos, a sandália plástica teve um precursor que, fatalmente, esteve à frente do seu tempo. Não resistiu aos preconceitos das usuárias cativas de couro e sintéticos e sucumbiu, fazendo quase tudo certo antes da hora certa.
Sua agenda estava anos à frente dos consumidores. Era anunciante fiel da maior revista nacional da época, a Manchete. Foram precisos dez anos na linha do tempo para que o calçado plástico adotasse um nome próprio: Melissa. Você teria arriscado criar marca melhor para a que o Google usa hoje, viajando no tempo?
Os sapatos masculinos de plástico são um claro exemplo desta tese. Durante muitos anos, receberam investimentos polpudos de suas marcas, mas acabaram irremediavelmente naufragando. Um dos pontos negativos é que produziam o detestável chulé. O homem de negócios, supostamente menos vaidoso do que a mulher, não aceitou caminhar com um injetado executivo, embora lhe garantisse a impermeabilidade dos pés nos dias úteis de chuva.