DIREITO
"Despachar com o juiz"
Modo de falar incomodou magistrado da Capital
Última atualização: 01/09/2024 21:50
Certa vez, Alberto e eu marcamos um horário para irmos conversar com um juiz de Direito em Porto Alegre. Refiro a comarca para que tenham ideia de que não se tratava de um magistrado inexperiente. Só enfrentamos hostilidades.
Primeiro, enquanto Alberto explicava que havíamos ido "despachar" com ele, o juiz interrompeu, indignado, indagando se estávamos acostumados a advogar em São Paulo, onde a expressão era muito utilizada, pois ali ninguém despachava "com o juiz" nem no lugar dele.
Explicamos que advogávamos em todo o País e que, de forma alguma, a conversa tinha esse objetivo. Tentamos argumentar que "despachar com o juiz" era modo de dizer, pois queríamos chamar atenção do magistrado para aspectos que não queríamos que passassem batidos pela análise judicial. Não queríamos favor nenhum.
Para encurtar a conversa: ele só recuou na hostilidade quando o Alberto - indignado - mudou o tom: "Eu não sei por que o senhor está tão indignado com o fato de eu estar aqui exercendo uma prerrogativa da minha profissão!"
Pois sobrevivi para ver o ministro Messod Azulay, do STJ, enaltecer a prática, porque, "em um Judiciário superlotado de processos, na imensa maioria das vezes, aqueles acabam sendo vistos como números e metas a cumprir, em que pese cada caso tratar de vidas e liberdades". Esse é o ponto.
Por isso, "a advocacia precisa agir de forma a evitar que isso ocorra, e o despacho é um dos mecanismos mais importantes nesse contexto". Uma feliz compreensão da racionalidade da prática que vivamente recomendo em casos pontuais.
Leia mais artigos de Silvia Regina Becker Pinto, advogada e professora
Primeiro, enquanto Alberto explicava que havíamos ido "despachar" com ele, o juiz interrompeu, indignado, indagando se estávamos acostumados a advogar em São Paulo, onde a expressão era muito utilizada, pois ali ninguém despachava "com o juiz" nem no lugar dele.
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Primeiro, enquanto Alberto explicava que havíamos ido "despachar" com ele, o juiz interrompeu, indignado, indagando se estávamos acostumados a advogar em São Paulo, onde a expressão era muito utilizada, pois ali ninguém despachava "com o juiz" nem no lugar dele.