Opinião
Os teimosos Joe Biden e Renato Portaluppi
Presidente dos EUA e o técnico do Grêmio tem mais algo em comum além da teimosia: ambos lutam contra a pressão de renúncia
Última atualização: 14/07/2024 20:28
A teimosia é algo inerente do ser humano. Todos nós já tivemos momentos em que, mesmo sabendo que estamos errados (ou que pelo menos podemos estar errados), não admitimos e precisamos provar que errados estão os outros.
É verdade que a teimosia, às vezes, leva as pessoas a grandes feitos, isso quando ela é gerada por uma certeza, uma convicção do acerto vindouro. Caras como Steve Jobs ou Bill Gates não chegaram até onde chegaram sem insistir nos seus objetivos, mesmo quando alguém dizia que era teimosia insistir nesse ou naquele projeto.
Joseph Robinette Biden Junior e Renato Portaluppi - dada a devida proporção do papel de cada um no contexto de importâncias - vivem o auge do seu momento de teimosia. Todos dizem que eles estão errados, mas ambos querem provar que suas opiniões estão corretas e as dos outros é que estão erradas.
Um teimoso chamado Joe Biden
Joe Biden, 46.º presidente dos Estados Unidos, quer provar a todos seus colegas democratas que é capaz de enfrentar o polêmico republicano Donald Trump, seu antecessor na Casa Branca que está a fim de dar o troco da derrota (que ele não aceitou. assim como seu eleitorado) há quatro anos para o próprio Biden.
Biden vem perdendo apoio de partidários - inclusive de apoiadores financeiros - após gafes e dúvidas sobre sua capacidade de liderar a superpotência norte-americana. Os 81 anos de idade (que serão 82 em novembro) vêm pesando. Etarismo? Há um pouco disso, mas são os tropeços e o jeito "durão" (fisicamente falando) que estão levando Biden à perda de crédito, não como pessoa, mas como alguém que possa realmente fazer frente ao sempre fanfarrão Trump.
As gafes de Biden são até patéticas para um chefe de Estado da sua grandeza, como chamar no encontro comemorativo da Otan o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky de Putin, o presidente russo que é exatamente o opositor da Otan e da Ucrânia. Ou ainda de dizer “eu não teria escolhido vice-presidente Trump para ser vice-presidente se não achasse que ela não fosse qualificada", errando/esquecendo/confundindo o nome do seu maior adversário com a sua vice, Kamala Harris.
Alguém vai questionar: afinal, quem nunca confundiu nomes? O problema é que Biden o faz com requintes de bizarrice e em um ano crucial de eleição. Teimoso, diz que não vai renunciar. Mas a questão é se ele vai pagar para ver nas urnas se está certo ou errado, arriscando uma derrota que lhe seria cara, ou vai ceder às pressões de parte da base democrata para que deixe a disputa, abrindo caminho a um nome mais forte no duelo com Trump.
A teimosia de Biden pode valer a derrota na eleição na qual o mundo todo está de olho, já que sua repercussão é literalmente planetária.
Um teimoso chamado Renato Portaluppi
Não dá para negar que ele é um dos nomes mais vitoriosos da história do Grêmio. O cara tem estátua no pátio da Arena do clube. Mas a verdade é que Renato Portaluppi, que em setembro completará 62 anos, vive um daqueles momentos cruciais dentro do clube.
Já viveu outros momentos de questionamentos e teimosia, é verdade. Mas sua teimosia neste momento lhe está valendo arranhões na superfície da estátua. O caso JP Galvão lembrou outras insistências como escalar Thiago Santos ou Diogo Barbosa. Mesmo com toda torcida e crônica esportiva afirmando que não dava mais, após tantas chances desperdiçadas com atuações deploráveis e comprometedoras, Renato sempre buscou tentar provar que ele era capaz de "recuperar". Só que não provou. Só teimou e desafiou.
Teimosia que está fazendo com que o Grêmio esteja atolado em uma zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro após 14 rodadas apenas 11 pontos e 9 derrotas acumuladas (em 2021, quando caiu, o Grêmio tinha 10 pontos em 14 rodadas e 8 derrotas). Renato diz que o Grêmio vai sair dessa e que é preciso ter "vergonha na cara". São "só 3 pontos"...
Pois foram por exatamente "só 3 pontos" que faltaram ao time em 2021 quando caiu na última rodada, ficando atrás do Juventude (43 pontos contra 46 do time serrano).
A queda de Renato só não ocorreu - como já ocorreu a queda de Eduardo Coudet no Inter nesta semana - pela teimosia da direção gremista em entender que ele pode reverter a situação, e que quando o Grêmio, em 2021, mandou Renato embora, tudo ruiu resultando no terceiro rebaixamento da história do clube centenário (121 anos, para ser mais exato). É um argumento a se elevar em conta.
Parte da torcida do Grêmio está irritada com essa teimosia. Outra parte acredita que essa insistência dará resultado.
E Renato teima que o primeiro passo será dado neste domingo (14), contra o Operário do Paraná, em Caxias do Sul. Uma vitória e a vaga às oitavas da Copa do Brasil podem ser o início da reversão deste período pós-cheias de resultados horríveis no Brasileirão (apesar da classificação na Libertadores).
Após o meio-dia deste domingo teremos parte da resposta.
Vencendo, Renato deve seguir no cargo até a próxima quarta-feira (17), quando o Grêmio encara o São Paulo , em São Paulo, aí pelo Brasileirão, e pressionado a vencer para sair do Z4. Tarefa difícil. Um empate, talvez, seja aceitável pelas circunstâncias de jogar fora, adiando para o dia 21, em casa (em local ainda a ser confirmado), contra o Vitória da Bahia, a decisão de Renato seguir teimando ou não.
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Os gremistas torcem para que a teimosia de Renato em crer que tudo vai dar certo se concretize. Mas , até agora, tudo diz o contrário. A teimosia de Renato pode resultar na quarta queda de divisão do Grêmio. A repercussão não é planetária, mas deixará milhões de pessoas frustradas.
Biden e Renato teimam que são capazes de reverter o cenário desastroso que se desenha. Muitos democratas e gremistas (e até quem está do outro lado) acreditam que esta teimosia será a derrocada deles e, consequentemente, de quem torce para o partido Democrata e para o Grêmio.
O curioso é que está nas mãos de Biden e Renato desistir ou não da teimosia, que até já rendeu vitórias pessoais a eles em outros momentos. Ou será que alguém vai forçá-los e entender que neste momento a teimosia deles pode significar uma derrota indigesta?
Aguardemos, pois os próximos dias e resultados dirão...
É verdade que a teimosia, às vezes, leva as pessoas a grandes feitos, isso quando ela é gerada por uma certeza, uma convicção do acerto vindouro. Caras como Steve Jobs ou Bill Gates não chegaram até onde chegaram sem insistir nos seus objetivos, mesmo quando alguém dizia que era teimosia insistir nesse ou naquele projeto.
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É verdade que a teimosia, às vezes, leva as pessoas a grandes feitos, isso quando ela é gerada por uma certeza, uma convicção do acerto vindouro. Caras como Steve Jobs ou Bill Gates não chegaram até onde chegaram sem insistir nos seus objetivos, mesmo quando alguém dizia que era teimosia insistir nesse ou naquele projeto.