Chamou minha atenção uma cena de um programa de televisão em que dois personagens disputavam um carro em uma prova de resistência. A mulher foi quem ganhou a oportunidade da disputa e precisava levar um oponente. Escolheu um adversário considerado forte na casa e alguém que ela mantinha uma certa rivalidade. O que ficou evidente enquanto os dois dividiam o espaço dentro do veículo, com a determinação de que segurassem uma espécie de chaveiro gigante pelo lado de fora do carro que, se caísse, eliminaria aquele um e automaticamente premiaria com o veículo o outro.
Como eu não assisto sempre, vi recortes que viralizaram na Internet dela tentando atingir o emocional dele, sempre se fortalecendo na disputa e mostrando que queria provar que não estava para brincadeira, queria desbancá-lo, que não pensasse que ela não era forte o bastante para bater de frente com ele.
Como resposta a tanta provocação, ele calmamente aceitava as afirmações e só dava razão ao otimismo da moça, mostrando que ela realmente deveria acreditar naquela soberba disfarçada de capacidade. E, 18 horas depois, a moça derrubou o objeto que era o ícone da disputa e perdeu o jogo que tinha certeza que estava ganho.
Às vezes a pessoa mais barulhenta é a mais fraca. Li isso e pensei imediatamente nessa história em que a que parecia dona da situação era na verdade uma farsa diante do medo que tinha da superioridade do outro. Precisou ficar escancarando suas potencialidades e acabou fraquejando, quando deveria estar mostrando sua força de concentração e foco em silêncio, sem menosprezar quem estava junto brigando pelo mesmo objetivo.
Não foi ele quem ganhou. Foi ela quem focou muito mais em derrotá-lo do que vencer suas próprias fragilidades. Perdeu como jogadora e como pessoa que não entende que, na vida, a disputa não é contra o outro. É contra nós mesmos, nossos limites e nossas superações constantes. Seremos sempre derrotados quando colocarmos o outro como motivo da nossa necessidade de vitória.
LEIA TAMBÉM
- Categorias
- Tags