De segunda a sábado, cruzo por baixo do viaduto da Scharlau para acessar à BR-116, rumo ao Grupo Sinos. Desde que as obras do Complexo Scharlau começaram, o trânsito ali ficou ainda mais complicado, o que deve ser resolvido em um futuro breve.
Ocorre que, nesta semana, fui “desafiada” por uma carreta. Enquanto ganhava velocidade na rua lateral para adentrar na rodovia, descia o viaduto na mesma direção um caminhão. Eu até tentei acelerar para ser rápida e entrar na frente dele, mas tive que desistir dos meus planos porque o motor 1.0 do meu carro popular não venceria os muitos cavalos daquele gigante.
Entrei logo atrás e segui por alguns metros, quando a carreta diminuiu a velocidade para acessar uma rua lateral. Não teve jeito. Perdi o embalo, liguei o pisca-alerta e precisei esperar o caminhão sair da BR-116 para voltar a andar.
Essa pequena cena do trânsito diário, que é vivida com frequência por muita gente, me fez pensar que há problemas que não podem ser enfrentados. É preciso esperar passar. Lutar contra eles causa dor e ainda mais problemas. Jamais venceria o caminhão. E se resolvesse encará-lo, é certo que correria riscos e, provavelmente, sofreria um acidente.
Foto: Igor Müller/GES-Especial
Na vida, são muitos caminhões que nos cortam a frente e nos fazem andar mais devagar. Atrasam nossos planos, mudam nossas rotas. O jeito é ser paciente e deixar que eles cruzem o nosso caminho, sem buscar confrontos.
Não há dificuldade que dure para sempre. Não há carreta que ande na rodovia sem destino. Um dia ela para ou muda a direção. No dia a dia, no “andar das carroças”, a dinâmica também é essa. É verdade que alguns problemas duram mais que gostaríamos e nos exigem muito. Mas, um dia, chegarão ao fim.
No dia 15 de agosto o Papa Francisco escreveu o seguinte em uma rede social: “Como faz bem viver de gratidão e de bênção em vez de lamentações e queixas, levantar o olhar para o alto ao invés de ficar de mau humor”. Li a mensagem e lembrei de novo do meu caminhão na BR-116. A tentação foi grande de ficar reclamando, ainda mais porque naquele dia comecei a manhã com um pneu furado sem sequer ter tirado o carro de casa.
Sejamos mais pacientes. Sejamos mais gratos. Existem tantos desafios a serem vencidos diariamente que a vida poderá se tornar muito difícil se apenas prestarmos atenção nos caminhões que nos cortam a frente. Pelo caminho tem o céu azul, a música que toca no rádio e a alegria de voltar para casa mais tarde.