Em dezembro de 2013, a então presidente da República Dilma Rousseff inaugurava a tão desejada BR-448, a Rodovia do Parque, que desafogava um dos trechos críticos da BR-116, em Canoas.
Com a entrega da nova obra entre Porto Alegre e Sapucaia do Sul, o governo já acenava com a necessária extensão até a RS-240. Era uma promessa da presidente. Mas, apesar de reeleita em 2014, ela acabou derrubada do poder e nada saiu como o planejado e anunciado.
De lá para cá, entre reuniões, encontros, pedidos, anúncios, promessas, etc… pouco (ou quase nada) se avançou no projeto de estender a rodovia para desafogar outro trecho crítico da BR-116: o de São Leopoldo. A extensão da BR-448 até a RS-240 desviaria da BR-116 um considerável fluxo de veículos (principalmente de carga) que transita entre Serra e capital e em direção ao litoral sul e norte.
Travado na fila
Mas, com custo hoje estimado em R$ 1,67 bilhão, segundo informações apresentadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) durante o Seminário de Mobilidade Urbana da Região Metropolitana do Rio Grande do Sul, realizado em março, pelo Grupo Sinos, em São Leopoldo, os cerca de 18,7 quilômetros entre Sapucaia do Sul e Portão parecem fadados a mais um ciclo de espera.
É que na divulgação do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pelo governo Lula, com previsão de investimentos em obras até 2026 (todas importantes, diga-se de passagem), a BR-448 não ganhou seu nome na lista.
A ampliação da rodovia deverá ficar travada na elaboração dos estudos e projetos básicos de engenharia para a obra, que estão previstos para ser entregues só em janeiro do ano que vem. Pode vir, então, um novo anúncio de verbas? Ou uma nova etapa de PAC? Até pode, mas parece improvável. Pelo menos a curto prazo.
A não ser que contínuos e insistentes esforços políticos aqui da região busquem efetivamente os recursos para obra, que se ficar para depois de 2026 (13 anos após o anúncio de sua execução) estará chegando em meio a novos caos de tráfego na região metropolitana que não para de inchar.
Tirando o atraso na BR-116
Para buscar uma alternativa para este caos rodoviário, o governo federal, na gestão Bolsonaro, decidiu tirar da gaveta em 2020 outro projeto que está dez anos atrasado: o de novas pontes em São Leopoldo, com pistas de faixa tripla e novas elevadas no entroncamento com a RS-240, na Scharlau. Já são dos anos de obras ainda não concluídas.
Para esta empreitada o governo Lula previu no PAC as verbas necessárias. Aliás, a projeção é que até o final do ano estas obras entre a Scharlau e as pontes do Sinos estejam concluídas. E parece que, apesar de só faltar agora quatro meses e meio para o prazo anunciado, isso será cumprido.
Mas já levanta-se uma questão: o trecho entre São Leopoldo e Sapucaia não ficará inchado com esta “abertura” parcial de faixas em São Leopoldo? Afinal, das pontes do Sinos até a entrada da BR-448, em Sapucaia, seguiremos em duas faixas nas pistas.
Ok, vamos com um problema de cada vez. Mas é preciso pensar à frente e não apenas em soluções que estacionem em novos problemas.
Gargalos
A construção da 448 modificou tudo entre Sapucaia do Sul e Porto Alegre. Mas, é verdade, que já se sente um fluxo mais forte em Canoas, com alguns horários. Por isso, a construção da extensão seria uma forma de evitar novos gargalos na 116, além de também retirar o pesado tráfego da BR-116 em São Leopoldo.
E aí, com extensão da 448 feita ou pelo menos encaminhada, também teríamos (aí com a pressão no governo estadual) que focar com força para a construção da RS-010, outra importante via nesta equação para tornar a mobilidade na nossa região mais equilibrada e menos caótica, tanto para saúde financeira como para mental de milhares de pessoas que trafegam diariamente por nossas rodovias.
Infelizmente, o que precisamos para hoje, demora pelo menos mais de dez anos para se concretizar. E aí, o problema já tem novos contornos.
Por isso, os apenas quase 19 quilômetros de extensão da BR-448 poderiam ter, sim, já entrado no PAC. Afinal, já serão mais de dez anos passados desde que esta necessidade foi levantada e sua solução anunciada. Se este pacote é para acelerar o desenvolvimento, fazendo uma analogia com a Fórmula 1, já estamos uma volta atrás da linha de chegada.
LEIA TAMBÉM