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Vírus "zumbis": Organismos congelados há quase 50 mil anos podem despertar por conta das mudanças climáticas; entenda os riscos

Pesquisadores tentam entender se vírus preservados em ambientes com baixas temperaturas podem ficar novamente ativos ao serem descongelados

Publicado em: 18/10/2023 18:24
Última atualização: 18/10/2023 21:49

Por conta das mudanças climáticas, o processo de derretimento de geleiras tem acelerado e, com isso, vírus remotos podem acabar sendo reinseridos no ciclo terrestre. Em entrevista à CNN Brasil, o virologista Fernando Spilki explica que, caso "esses vírus estejam em estado de conservação adequado pelas baixas temperaturas”, nada impede que isso, de fato, ocorra.


Pithovirus sibericum que foi isolada de uma amostra de permafrost de 30.000 anos em 2014 Foto: Jean-Michel Claverie/IGS/CNRS-AMU

Assim, para tentar entender os riscos desses chamados vírus “zumbis”, Jean-Michel Claverie, professor emérito de medicina e genômica na Escola de Medicina da Universidade Aix-Marseille em Marselha, na França, tem realizado estudos focados em permafrost - uma superfície que permanece a 0°C ou menos durante, no mínimo, dois anos consecutivos. 

“Ali a gente pode ter vírus e outros patógenos com os quais nós, no curso recente da história, não tivemos contato”, explica Spilki.

Ainda que, até o momento, não haja comprovação de que o processo de descongelamento tenha trazido de volta vírus com potencial infeccioso, o virologista relata que há sinais que isso possa ocorrer, "por exemplo, com a emergência de novos vírus em espécies animais silvestres nessas regiões mais polares do mundo nesses últimos anos”.

Inclusive, conforme ele, há uma suposição que foi a partir dessas regiões que algumas doenças conhecidas, como o vírus influenza, tenham chegado até a população humana.

Reativação dos vírus

Um vírus que estava isolado do permafrost há 30 mil anos foi reativado pelo professor Claverie e sua equipe em 2014, ao inseri-lo em células cultivadas. A ação foi feita para estudo e, por questão de segurança, foi utilizado um vírus que só poderia atingir amebas unicelulares, não animais. Em 2015 e no início de 2023, outros tipos de vírus foram reativados.

O vírus mais antigo que já foi revivido pelo professor é de quase 48.500 anos e foi retirado de uma amostra de terra coletada em um lago subterrâneo localizado a 16 metros abaixo da superfície.

Alerta

O tempo que esses organismos podem permanecer infecciosos depois de reativados ainda é desconhecido. As chances que eles possam encontrar um hospedeiro em um eventual descongelamento, também não é sabida pelos cientistas. 

Também em entrevista à CNN, Claverie disse que "o degelo do permafrost continuará acelerando e mais pessoas povoarão o Ártico na sequência de empreendimentos industriais”.

Para Spilki, é necessário que seja feito um monitoramento. “Vigiar o ambiente, outras espécies animais e até a própria espécie humana é fundamental para que a gente detecte o mais rápido possível, antes que o problema ganhe muito volume, se transmita para humanos ou entre humanos e, a partir disso, você pode ter outras medidas que vão além da preparação para o diagnóstico.”

*Com informações de CNN Brasil

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