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POLÍTICA INTERNACIONAL

Primeiro-ministro da França diz "não ter maioria para governar" e anuncia que deixará o cargo

Decisão foi anunciada após projeções das eleições legislativas darem vitória ao bloco de esquerda

Publicado em: 07/07/2024 às 21h:31 Última atualização: 07/07/2024 às 21h:32
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O primeiro-ministro da França, Gabriel Attal, de centro-direita, anunciou que deixará o cargo na segunda-feira (8). A decisão foi anunciada neste domingo (7), pouco depois da divulgação das projeções iniciais das eleições legislativas no país, que deram vitória ao bloco de esquerda representado pela Nova Frente Popular. 

França teve segundo turno das eleições legislativas neste domingo | abc+



França teve segundo turno das eleições legislativas neste domingo

Foto: Frédéric BISSON/Flickr

 

A aliança Juntos, de Attal e do presidente Emmanuel Macron, ficou em segundo lugar. Contrariando as pesquisas, a direita radical, liderada pelo Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen e Jordan Bardella, acabou em terceiro, atrás do bloco do presidente.

“Nesta noite, nenhuma maioria absoluta foi obtida pelos extremos, e graças à nossa determinação e à força dos nossos valores, estamos de pé. Temos três vezes mais deputados do que as estimativas no início desta campanha”, disse o premiê demissionário.

“Onde quer que eu fosse, eu estava ansioso para ouvir vocês. Esta noite, o grupo político que representei nesta campanha não conseguiu a maioria, e apresentarei a minha demissão ao Presidente da República amanhã de manhã [segunda-feira].”

Projeções

Segundo as projeções do instituto Ifop, a Nova Frente Popular deve ter entre 180 e 205 cadeiras na Assembleia Nacional, enquanto a aliança Juntos, de Emmanuel Macron, terá entre 164 e 174 cadeiras. O Reagrupamento Nacional, que esperava ter a maioria absoluta após o bom desempenho no primeiro turno, terá entre 130 e 145 – o número inclui membros do partido Republicanos que seguiram o pedido do contestado presidente da sigla, Eric Ciotti, para unirem forças com a direita radical. O partido, por si só, terá entre 57 e 67 cadeiras, apontam as projeções.

Após os primeiros números, Jean-Luc Mélenchon, líder do partido A França Insubmissa, de extrema esquerda, disse que Macron “tem o dever de chamar a Nova Frente Popular para governar”, pedindo a renúncia do premiê.

“Saúdo a todos que aceitaram ser candidatos e retirar suas candidaturas e se mobilizaram porta a porta para conseguir arrancar um resultado que parecia ser impossível. Essa noite o Reagrupamento Nacional está longe de ter a maioria absoluta, é um imenso alívio”, afirmou, em discurso.

Assim como Mélénchon, o líder do Partido Socialista, Olivier Faure, também rejeitou a formação de qualquer governo de coligação entre a esquerda e o bloco macronista, de centro-direita. “A Nova Frente Popular deve assumir o comando desta nova página da nossa história”, declarou.

No extremo oposto, Jordan Bardella, cotado como futuro premier caso uma vitória do RN de fato se concretizasse, culpou Macron pela derrota e denunciou uma “aliança da desonra” para barrar seu partido.

“Essa noite houve um regresso na política francesa. Esses acordos eleitorais jogaram a França nos braços da extrema esquerda. Com isso, o RN, largamente à frente no primeiro turno e nas eleições europeias, representam a vitória de amanhã”, disse Bardella, classificando o “corredor sanitário” contra a direita de “aliança da desonra”. “O RN encarna mais do que nunca a única força que pode reconstruir a França. Os arranjos eleitorais de um Palácio do Eliseu isolado e uma extrema esquerda incendiária não levarão o país a lugar algum”.

Os franceses votaram de maneira contundente: a participação foi de 67%, a mais alta registrada durante um segundo turno em mais de 40 anos e ligeiramente maior do que no primeiro turno.

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