CONFLITO NO ORIENTE MÉDIO
Por que Israel tem tanta determinação de lançar uma ofensiva contra Rafah?
Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu diz que Israel não pode atingir seu objetivo de "vitória total" contra o Hamas se não entrar em Rafah
Última atualização: 23/03/2024 15:39
O estado de Israel está determinado a lançar uma ofensiva terrestre contra o Hamas em Rafah, a cidade mais ao sul de Gaza, um plano que alarmou a comunidade global pelo potencial de lesar centenas de milhares de civis que estão abrigados ali.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu diz que Israel não pode atingir seu objetivo de "vitória total" contra o Hamas se não entrar em Rafah.
Israel já aprovou planos militares para sua ofensiva. Porém, como 1,4 milhão de palestinos estão encurralados na cidade, os aliados de Israel, incluindo os EUA, exigiram maior cuidado com os civis na incursão prevista.
A maioria desses palestinos foram desalojados pelo combate em outras regiões de Gaza, e atualmente vivem em acampamentos amontoados, abrigos superlotados administrados pela ONU, ou apartamentos abarrotados.
Netanyahu está enviando uma delegação a Washington para apresentar seus planos ao governo americano.
POR QUE RAFAH É TÃO IMPORTANTE
Desde que Israel declarou guerra em resposta ao ataque do Hamas que atravessou da fronteira em 7 de outubro, Netanyahu vem dizendo que seu principal objetivo é destruir os recursos militares do grupo islâmico.
Israel afirma que Rafah é o último grande reduto do Hamas na Faixa de Gaza, depois que as outras operações teriam desmantelado 18 dos 24 batalhões do grupo militante, segundo os militares. Mas mesmo no norte de Gaza, o primeiro alvo da ofensiva, o Hamas já se reorganizou em algumas áreas e continua a lançar ataques.
Israel diz que o Hamas tem quatro batalhões em Rafah, e que precisa enviar forças terrestres para derrotá-los. Alguns militantes de alto escalão também poderiam estar se escondendo na cidade.
POR QUE HÁ TANTA OPOSIÇÃO AOS PLANOS DE ISRAEL?
Os EUA pediram a Israel para não realizar a operação sem um plano "confiável" para a retirada da população civil. O Egito, um parceiro estratégico de Israel, já declarou que qualquer medida que empurre os palestinos para dentro de seu território ameaçaria o acordo de paz com Israel, que já dura quatro décadas.
Em um telefonema com Netanyahu esta semana, o presidente americano Joe Biden teria dito a ele para não realizar uma operação em Rafah, segundo o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan. Ele disse que os EUA estavam procurando "uma abordagem alternativa" que não envolvesse invasão terrestre.
Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, que está em sua sexta visita à região desde o início da guerra, reiterou esses receios em uma entrevista à TV Al-Hadath, da Arábia Saudita, na quarta-feira.
"O presidente Biden deixou muito claro que não podemos apoiar uma grande operação terrestre, operação militar em Rafah", disse Blinken. Ele disse que não há uma maneira eficaz de transferir 1,4 milhão de pessoas para um lugar seguro, e que aquelas que ficarem para trás "estariam em terrível perigo".
ISRAEL NÃO PARECE ESTAR PRESTES A ENVIAR TROPAS
Netanyahu afirmou que estava enviando uma delegação a Washington "por respeito" a Biden. Mas em uma declaração na quarta-feira, disse ter apontado a Biden que Israel "não pode completar a vitória" sem entrar em Rafah.
Apesar do discurso duro, Israel não parece estar prestes a enviar tropas para Rafah. Isso pode estar relacionado às tentativas em curso de negociar um cessar-fogo temporário. Mediadores do Catar dizem que essas negociações seriam prejudicadas por uma invasão a Rafah.
Existem também preocupações logísticas.
As forças armadas de Israel dizem que pretendem encaminhar os civis para "ilhas humanitárias" no centro de Gaza antes da ofensiva planejada. Netanyahu disse na quarta-feira que os planos de evacuação ainda não tinham sido aprovados.