ACOLHIMENTO

Perda de um pet: Saiba como ajudar crianças em luto por animais de estimação

Pequenos têm visões diferentes do que é a morte de acordo com a idade, assim é importante entender como eles tendem a lidar com a situação em cada faixa etária

Publicado em: 08/11/2023 15:06
Última atualização: 16/11/2023 15:40

A perda de entes queridos é uma das experiências mais difíceis de se atravessar durante a vida. A morte de um pet não é menos dolorosa e pode ser até mais confusa. E é justamente com esse tipo de perda que muitas crianças têm sua primeira experiência com o luto.

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Perda de um pet é, para muitas crianças, o primeiro contato com o luto Foto: Freepik

Segundo a pesquisa “Quando morre o animal de estimação: um estudo sobre luto”, um pet é “igual, quase igual e até superior” a um ser humano para seu tutor, proporcionando sentimentos de “amor incondicional, segurança, companheirismo e alegria”.

Para crianças, isso não é diferente. Estudos demonstram que ter animais de estimação melhora o desenvolvimento infantil, ajuda a relaxar e faz com que os pequenos se sintam mais seguros, entre outros benefícios. Eles se apegam tanto quanto os adultos.

É por isso que a perda de um pet pode ser, além de triste, traumática. A pesquisa “The mental health effects of pet death during childhood: is it better to have loved and lost than never to have loved at all?” mostra que a morte de um animal de estimação pode ter uma má influência significativa na saúde mental das crianças.

Assim, é importante que os adultos responsáveis saibam como lidar com este momento tão confuso, ainda mais para quem ainda não tem total compreensão do mundo. Aqui vão dicas do que pode ser feito nestes casos, de acordo com o instituto de psicologia pediátrica For Babies Brain, de Portugal, a Academia Americana de Psiquiatria para Crianças e Adolescentes (AACAP) e a Universidade Nacional Australiana das Crianças e Adolescentes:

Converse com a criança — e não minta

A morte é um assunto desconfortável e pesquisas provam isso. Em 2018, um estudo realizado pelo Studio Ideias, encomendado pelo Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep), mostrou que 76% dos brasileiros acreditam que a morte é um tabu, preferindo não falar sobre.

Apesar de ver a vida através de lentes diferentes, os pequenos compreendem e vivenciam o sentimento da perda. Caso não seja conversado, o que não foi dito pode se manifestar por meio de sintomas e adoecimento, indica a pesquisa “A criança e a morte: um estudo acerca do lúdico no processo do luto”.

É importante se ater a idade do pequeno, para que ele consiga entender o acontecimento com sua própria visão de mundo. A honestidade é necessária para que a criança compreenda de fato o que está se passando, visto que a mentira pode causar confusão e falta de confiança. Deixe com que ela se expresse sobre o que está sentindo e demonstre seus sentimentos também, mostrando que é confiável.

O instituto For Babies Brain e a AACAP mostram como as crianças podem lidar com o assunto, conforme a faixa etária:

  • Dois e três anos: Nessa idade, os bebês não têm noção da morte. É preciso que o adulto responsável informe que o pet morreu e não irá voltar, dando oportunidade para que ela se despeça da forma que desejar. Eles devem ser assegurados de que não é culpa deles.
  • Quatro a seis anos: Há uma compreensão da morte, mas de forma que os animais continuam "vivos" em outros locais, como em baixo da terra. Podem também ver como "contagiosa", acreditando que certos comportamentos irão levar ao mesmo destino. É importante lembrá-los que não irão morrer. Há possibilidade que problemas no controle da bexiga e intestino, alimentação e sono surjam. Deve-se conversar e dar todo suporte, deixando que se expressem.
  • Sete a nove anos: A morte já é irreversível e é possível que algumas crianças se preocupem com a dos pais. A curiosidade sobre o assunto é comum, então é necessário estar preparado para responder perguntas com honestidade. 
  • Adolescentes: Tem reações semelhantes aos adultos, mas podem passar pela negação, deixando de se expressar.

Reconheça o luto como significativo e acolha

A morte de um pet deve ser tratada como a perda de outros laços emocionalmente fortes. Para maior parte dos entrevistados de uma pesquisa, expressar os sentimentos foi a parte mais difícil do luto, visto que as pessoas não reconheciam a perda como significativa.

O adulto responsável tem o dever de reconhecer e acolher a criança. Algumas formas são tentar deixá-la confortável e usar uma voz mais calma e abraçá-la, caso seja possível.

As emoções podem ir e vir durante dias, até meses, e não há um manual que diga exatamente como crianças lidam com o luto. O importante é assegurar que elas tenham suas demonstrações de emoção validadas.

Lembre do amigo que se foi

Pode ser reconfortante para as crianças encontrar formas de lembrar do amigo que se foi. Elas podem ser presenteadas com uma foto do pet, fazer um desenho, poemas, ou até uma cerimônia de adeus. Essas atividades ajudam a reconhecer o papel importante que o animal de estimação teve na vida delas.

Se prepare para perguntas

Por que meu pet morreu? Para onde ele foi? Ele tem alma? Vou vê-lo novamente? Foi minha culpa? Essas são algumas perguntas que os pequenos podem fazer. Não há como fugir, o jeito é estar preparado para responder de forma sincera, ainda que apropriada para a idade dele.

É importante falar sobre morte caso meu animal de estimação esteja doente?

A verdade é que sim, é importante. A AACAP afirma que é melhor, se possível, que a criança se despeça do bichinho enquanto ele ainda está vivo. Isso, é claro, após conversas sobre a provável morte do pet e a sua doença.  

Os adultos responsáveis servem de modelo, então o que pode ajudar é expressar os sentimentos para mostrar ao pequeno que é normal se sentir triste, assegurando que o sentimento irá passar, eventualmente.

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