A fé é inexplicável? Talvez, mas isso não impede que cientistas busquem respostas quanto aos efeitos da religião no cérebro. Então, ele se modifica quando uma pessoa reza? E existe diferença entre o de um ateu e o de uma pessoa religiosa?
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O neurocientista e pesquisador Andrew Newberg se dedica há mais de 10 anos a pesquisar as relações da atividade cerebral, a religião e as experiências místicas. E, de acordo com ele, práticas religiosas realmente tem um efeito no cérebro.
Newberg e colegas estudaram como o cérebro se comporta enquanto as pessoas estão praticando um ritual espiritual, como rezar, meditar, entre outros. Para isso, usaram imagens dos cérebros em atividade, tiradas com a Tomografia Computadorizada por Emissão de Fóton Único (Spect), enquanto as pessoas praticavam as respectivas religiões.
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Mas o que acontece com o cérebro durante as rezas?
De acordo com os estudos de Newberg e colegas, a atividade cerebral aumenta no lobo frontal e no parietal, que estão ligados à linguagem, enquanto se reza. Isso porque as freiras franciscanas, que tiveram os cérebros estudados, rezam em voz alta.
Já no lobo parietal superior, a atividade diminui drasticamente. Essa parte do cérebro é responsável pelo senso de orientação no espaço e tempo. A hipótese dos neurocientistas é que, durante a reza, o bloqueio sensorial desta parte pode ser associado à sensação de perder essa noção.
Ainda, Newberg explica que não há uma parte específica do cérebro para Deus, já que experiências espirituais são complexas, envolvendo “emoções, pensamentos, sensações e comportamento”. E outra coisa muito importante: as experiências são particulares e, dependendo, partes diferentes do cérebro podem agir.
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E há diferença entre o cérebro de um ateu para o de um religioso?
Ainda que estudos revelem que o cérebro de uma pessoa que meditou ou rezou por muitos anos seja diferente do de um ateu, não há como comprovar exatamente se essas diferenças são de fato por conta da espiritualidade ou a falta dela.
As pesquisas mostram, de acordo com Newberg na revista científica Scientific American, que a pessoa que rezou por anos tem mais tecido no lobo frontal do cérebro do que um ateu. A região está associada com a atenção e a recompensa.
Por outro lado, estudos também revelam que pensar em Deus, aviões, um amigo e um poste podem ativar as mesmas partes do cérebro, sem diferenças. “Em outras palavras, no cérebro de uma pessoa religiosa, Deus é tão real quanto qualquer outro objeto ou pessoa.”
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