CONFLITO NO ORIENTE MÉDIO
Mísseis da Segunda Guerra ou fábricas na Faixa de Gaza? Mistério envolve o ataque do Hamas a Israel
Ação do Hamas foi o pior ataque em território israelense desde a criação do Estado em 1948
Última atualização: 18/10/2023 00:06
Nos últimos dias, o mundo assistiu com assombro e apreensão crescente à escalada da violência entre Israel e o Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza.
O noticiário tem exibido diariamente tragédias, episódios chocantes e momentos dramáticos como a evacuação de moradores (incluindo brasileiros). Mas no meio das manchetes de mais esta guerra, alguns nem sabem como os eventos da semana foram únicos e, inclusive, históricos.
No sábado (7), o grupo radical Hamas, atuante na Faixa de Gaza, disparou uma série de ataques com mísseis contra o território de Israel. O grupo diz que foram cinco mil mísseis, mas Israel afirma ter sido a metade disso. Simultaneamente, grupos armados adentraram território israelense, atacando tanto alvos militares quando fazendo vítimas civis.
Inédito
Analistas geopolíticos apontaram que foi a primeira vez, desde a criação do Estado de Israel, em 1948, que este número de forças hostis entrou em território israelense provocando este número de vítimas. E foi o maior ataque na história do grupo Hamas.
Somam-se complexidades e complicadores importantes, como o fato de que a guerra declarada por Israel, dirigida ao grupo Hamas, é, tecnicamente, uma situação atípica em si mesma. Diferentemente da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, onde dois países se enfrentam, o atual conflito é entre um grupo considerado terrorista e uma nação.
Em certa medida, o contexto lembra o dos atentados terroristas da Al Qaeda contra os Estados Unidos em setembro de 2001. Na época, a resposta militar norte-americana foi deflagrada no Afeganistão, país onde o grupo era sediado. Agora, porém, a Faixa de Gaza não é um país. A situação atual é mais incomum.
Motivações
De orientação sunita, o Hamas, assim como outros grupos da região, possui um braço político e outro armado. O grupo repudia a ocupação israelense no território de Gaza, mas há discordância sobre seus métodos.
A organização é considerada radical mesmo por palestinos. O fato de que vários dos ataques envolveram execuções de civis e tomada de reféns provocou repúdio de vários países, enquanto aumenta a pressão internacional para que o Hamas seja tratado como organização terrorista.
Israel declarou guerra imediatamente após os ataques do sábado e deflagrou uma série de retaliações, assim como aumentou a presença militar em Gaza e nos arredores. Entretanto, analistas também apontaram que, assim como em 11 de setembro de 2001, os atentados de 7 de outubro representaram uma grande falha dos serviços de inteligência. A ação do Hamas não só burlou um bloqueio terrestre e naval em Gaza, mas envolveu coordenação insuspeitada.
(Com informações da AE)
Repercussão econômica e regional entre os perigos
Entre os motivos de incerteza no conflito entre Israel e o Hamas está a instabilidade geopolítica da região. Embora a guerra esteja por enquanto concentrada na Faixa de Gaza, há outros territórios israelenses com focos de tensão. Entre eles a Cisjordânia, onde fica Jerusalém, e a região norte, na fronteira com o Líbano e a Síria.
No norte, uma das tensões é com outro grupo político armado, o Hisbollah. Foi esta organização que também desferiu ataques no norte de Israel depois das ações do Hamas. Houve resposta armada israelense e existe temor de escalada.
Israel faz fronteira com inimigos históricos, como Líbano, Síria, Jordânia e Egito. A grande região envolve, um pouco adiante, também outros pesos pesados da política da região, como Arábia Saudita, Irã e Iraque.
Embora nem Israel nem Gaza sejam área petrolífera, estes vizinhos distantes são países produtores de petróleo, sendo que e o Irã chegou a ser acusado de ter ajudado a armar o Hamas. A incerteza na região pode, inclusive, aumentar o preço dos combustíveis.
Lances de propaganda e o mistério dos mísseis
Classificada como uma falha colossal dos serviços de inteligência, a ação do Hamas também envolve um mistério. O grupo obteve milhares de mísseis que foram usados para atacar Israel e que acabaram passando pelo sofisticado sistema de vigilância antiaérea israelense. Em parte, isso aconteceu porque muitos dos mísseis eram de curto alcance.
Um dos mistérios é como o Hamas colocou a mão em tanto armamento, já que o território da Faixa de Gaza está sob embargo e com bloqueio militar por terra e por mar. É possível que tenham ocorrido importações clandestinas de Estados simpáticos ao grupo. Um dos suspeitos seria o Irã, que nega ter enviado armas mas chegou a elogiar as ações do Hamas.
O grupo alega que usou uma série de táticas pouco convencionais, incluindo uso de pequenos drones armados e, até, parapentes transportando bombas. Vídeos de propaganda do Hamas afirmam que o grupo tem suas próprias fábricas de mísseis dentro da Faixa de Gaza. A organização chegou a dizer que reciclou mísseis disparados por Israel e, até, que mergulhadores teriam recuperado armamento afundado da Segunda Guerra Mundial.
Classificada como uma falha colossal dos serviços de inteligência, a ação do Hamas também envolve um mistério. O grupo obteve milhares de mísseis que foram usados para atacar Israel e que acabaram passando pelo sofisticado sistema de vigilância antiaérea israelense. Em parte, isso aconteceu porque muitos dos mísseis eram de curto alcance.
Um dos mistérios é como o Hamas colocou a mão em tanto armamento, já que o território da Faixa de Gaza está sob embargo e com bloqueio militar por terra e por mar. É possível que tenham ocorrido importações clandestinas de Estados simpáticos ao grupo. Um dos suspeitos seria o Irã, que nega ter enviado armas mas chegou a elogiar as ações do Hamas.
O grupo alega que usou uma série de táticas pouco convencionais, incluindo uso de pequenos drones armados e, até, parapentes transportando bombas. Vídeos de propaganda do Hamas afirmam que o grupo tem suas próprias fábricas de mísseis dentro da Faixa de Gaza.
A organização chegou a dizer que reciclou mísseis disparados por Israel e, até, que mergulhadores teriam recuperado armamento afundado da Segunda Guerra Mundial.
Uma área de apenas 360 km2
No centro do conflito está um território de cerca de 40 quilômetros de comprimento e menos de 10 de largura. Com uma extensão territorial de 360 quilômetros quadrados, a Faixa de Gaza soma, no total, uma área menor do que as cidades de Estância Velha, Novo Hamburgo e São Leopoldo somadas.
Estes três municípios do Vale do Sinos totalizam 377 quilômetros quadrados. Comparativamente, a capital gaúcha, Porto Alegre, é sozinha maior do que toda a Faixa de Gaza, totalizando 496 quilômetros quadrados.