Laser mostra cidade perdida de 2.500 anos na selva amazônica

Pesquisa científica publicada na edição de janeiro de 2024 da revista Science traz uma descoberta que muda muito do que se sabia sobre a região. O arqueólogo francês Stéphen Rostain anunciou ter encontrado vestígios de uma grande cidade no meio de uma área de selva no Vale do Upano, no Equador.

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A datação do material escavado anteriormente indicava que se trata de um agrupamento urbano que data pelo menos do ano 500 a.C. O local permaneceu habitado até cerca de 600 d.C. Rostain, entretanto, só recentemente empregou uma técnica avançada para visualizar o terreno. Foi feito um levantamento fotográfico aéreo com uso de laser, o que permite revelar detalhes da topografia e também de parte do subsolo.

O que o levantamento apontou foi considerado impressionante, porque mostra ruas geometricamente organizadas e prédios. Este tipo de agrupamento urbano era conhecido em outros sítios pré-colombianos em outros locais do continente, como Machu Picchu e áreas incas ou maias. Porém, até a descoberta publicada agora, não havia cidades tão grandes e tão organizadas no local neste período.

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"A característica paisagística mais notável é o complexo sistema de estradas que se estende por dezenas de quilômetros, conectando os diferentes centros urbanos e criando, assim, uma rede em escala regional. Esse extenso desenvolvimento inicial na Alta Amazônia é comparável aos sistemas urbanos maias similares recentemente encontrados no México e na Guatemala", escreveu Rostain no artigo da Science.

Por que isso é considerado importante

A descoberta é considerada muito importante porque durante muitos anos os cientistas acreditavam que a selva amazônica era muito inóspita para abrigar grandes estruturas urbanas. As maiores estruturas da América do Sul ficavam em zonas com conformação vegetal diferente, como os altiplanos da Bolívia ou as selvas mexicanas.

Em décadas recentes, achados arqueológicos já vinham desafiando este conceito. No Brasil, foram encontrados vestígios de grandes agrupamentos na selva. O mesmo ocorreu no Equador. Entretanto, acreditava-se que eram semelhantes a aldeias. A descoberta divulgada agora é uma cidade.

As estimativas iniciais são de que houvesse entre 10 mil e 100 mil habitantes no local. O artigo fala em "agrupamentos de plataformas monumentais, praças e ruas dispostas em um padrão específico, entrelaçados com extensos sistemas de drenagem e terraços agrícolas, além de largas estradas retas percorrendo grandes distâncias".

Rostain agora trabalha juntamente com centros de pesquisa do Equador para iniciar trabalhos de escavação no local, a fim de localizar ruínas ou estruturas enterradas.