MAIS UMA BRIGA

Justiça da Austrália barra vídeo de bispo sendo esfaqueado e Elon Musk acusa país de censura

Crime aconteceu no dia 15 de abril, quando um jovem atacou a vítima durante uma transmissão ao vivo

Publicado em: 26/04/2024 11:30
Última atualização: 26/04/2024 11:31

O bilionário Elon Musk comprou briga com mais um país. Na quinta (25), ele acusou a Austrália de censura após um juiz australiano determinar que sua plataforma de mídia social X deve bloquear o acesso dos usuários de todo o mundo ao vídeo de um bispo sendo esfaqueado em uma igreja de Sydney.


Padre é esfaqueado durante missa na Austrália Foto: Reprodução/Metrópoles

A nova briga do dono do X (ex-Twitter) começou na semana passada, após a ordem judicial de retirar do ar publicações relacionadas a um ataque a faca contra o bispo Mar Mari Emmanuel, em uma igreja ortodoxa assíria. O material foi bloqueado na Austrália, mas estava disponível em outros países.

O órgão regulador que emitiu a ordem, a Comissão eSafety da Austrália, que se descreve como a primeira agência do mundo dedicada a manter as pessoas mais seguras online, solicitou com sucesso ao Tribunal Federal de Sydney uma proibição global temporária do compartilhamento do vídeo - a ação foi feita após o X ignorar os pedidos da comissão.

Na segunda-feira (22), o juiz Geoffrey Kennett vetou temporariamente o vídeo para todos os usuários do X até que o caso seja julgado. Horas depois, Musk disparou contra a Justiça australiana. "Já censuramos o conteúdo na Austrália, aguardando a apelação, e ele está disponível apenas para servidores nos EUA". Em seguida, ele postou um desenho que mostra uma bifurcação em uma estrada, com um caminho levando à "liberdade de expressão" e o outro à "censura" - com os logos de outras redes sociais, como YouTube, TikTok, Facebook e Instagram.

A postagem foi uma provocação ao primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, que havia criticado o X, dizendo que outras plataformas haviam cumprido a ordem judicial sem problema. "Gostaria de agradecer ao premiê por informar ao público que esta plataforma (X) é a única verdadeira", escreveu Musk.

Albanese rebateu. "Faremos o que for necessário para enfrentar esse bilionário arrogante que se acha não só acima da lei, mas também acima da decência", disse. "A ideia de recorrer à Justiça pelo direito de publicar conteúdo violento mostra como Musk está fora de sintonia. A mídia social precisa ter responsabilidade."

Violência

O advogado do órgão regulador da Austrália, Christopher Tran, argumentou no tribunal que o bloqueio geográfico não se enquadrava na definição de remoção do vídeo, segundo a lei australiana. Tran disse que as imagens eram "explícitas e violentas", que causariam "danos irreparáveis se continuassem a circular".

O advogado do X, Marcus Hoyne, afirmou no tribunal que não conseguiu receber as instruções de seu cliente em San Francisco, porque ainda era madrugada de segunda-feira nos EUA.

De acordo com o premiê australiano, as postagens, a desinformação e a disseminação de imagens violentas exacerbaram o sofrimento do esfaqueamento na igreja e de outro ataque com faca em um shopping de Sydney, dois dias antes, que matou seis pessoas.

No sábado (20), equipe de assuntos governamentais globais do X disse que a agência australiana ordenou a remoção de algumas postagens sobre o ataque à igreja, mas garantiu que as mensagens não violavam as regras da plataforma sobre discurso violento. O X afirmou ainda que o órgão exigiu a retirada global das postagens, sob pena de multa diária de US$ 785 mil.

Versões

"O X acredita que a ordem da comissão não estava dentro do escopo da lei australiana, mas cumprimos a diretriz enquanto aguardamos uma contestação legal", disse a conta de assuntos governamentais globais da empresa. "Embora o X respeite o direito de um país de aplicar suas leis dentro de sua jurisdição, a comissária de segurança eletrônica não tem autoridade para ditar o conteúdo que os usuários do X podem ver globalmente."

O X não respondeu como a empresa havia cumprido a ordem judicial. Musk descreveu a comissária de segurança eletrônica da Austrália, Julie Inman Grant, como a "comissária da censura australiana". "Desafiaremos com veemência essa abordagem ilegal e perigosa no tribunal", acrescentou o bilionário.

Facadas ao vivo

A transmissão ao vivo do ataque à igreja em Sydney e as publicações nas mídias sociais que se seguiram atraíram mais de 2 mil pessoas e alimentaram um tumulto contra a polícia, que foi obrigada a isolar o jovem suspeito de cometer o ataque dentro da igreja.

Os distúrbios deixaram 51 policiais feridos e danificaram 104 viaturas da polícia, segundo as autoridades australianas. Três pessoas foram presas no domingo e a polícia divulgou imagens, na segunda-feira, de 12 suspeitos de serem os principais instigadores da violência, tiradas de um vídeo gravado durante o tumulto.

Um jovem de 16 anos, que não teve a identidade revelada, foi indiciado por crime de terrorismo. Ele recebeu elogios e condenações na internet pelo ataque. Ao todo, quatro pessoas ficaram feridas dentro da igreja de Sydney.

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