A indústria global de notícias celebra neste sábado (28) o Dia Mundial do Jornalismo (World News Day). A data é marcada por uma campanha que reúne mais de 800 organizações de comunicação, associações ligadas a atividade jornalística e às liberdades de imprensa e de expressão e outras entidades.
Somente no Brasil há mais de 60 empresas e organizações integrando a campanha, entre elas o Grupo Sinos. Destas 60, 34 são ligadas à Associação Nacional de Jornais (ANJ).
Os participantes estão publicando em suas plataformas anúncios digitais, peças de redes sociais, vídeos e artigos produzidos por jornalistas de reconhecimento internacional.
Quem promove o Dia Mundial do Jornalismo
O Dia Mundial do Jornalismo é organizado pelo Fórum Mundial de Editores (WEF, na sigla em inglês), entidade ligada à World Association of News Publishers (WAN-IFRA), e pela Canadian Journalism Foundation (CJF).
O tema desta edição foi desenvolvido pelo Project Kontinuum – uma incubadora liderada pelo fundador do Daily Maverick, da África do Sul, Branko Brkic.
É enfatizado o compromisso inabalável dos jornalistas de relatar os fatos, ao mesmo tempo em que reconhece o desafio do público de navegar em um ambiente de informações tóxicas inundado de desinformação.
O que dizem as lideranças da campanha
“Com ‘Escolha a Verdade’, destacamos nosso compromisso compartilhado de defender os princípios do jornalismo baseado em fatos. Em um mundo sobrecarregado pela desinformação, a responsabilidade dos jornalistas de fornecer notícias precisas, confiáveis e independentes nunca foi tão crítica”, diz a presidente da WAN-IFRA, Ladina Heimgartner, chefe de mídia da Ringier AG, conglomerado multimídia suíço, e CEO da Ringier Media Switzerland.
“Em um mundo sobrecarregado com informações e eventos, muitos deles desafiadores, os cidadãos precisam de fatos, certeza e perspectiva. O jornalismo de qualidade oferece isso e muito mais. Agora, nos reunimos como cidadãos para lembrar por que esse jornalismo importa e por que vale a pena apoiar uma mídia de notícias ética, confiável e que busca a verdade”, diz Martha Ramos, presidente do WEF.
“O jornalismo importa. Os fatos importam. A verdade importa. Sem os fatos verificados que podem revelar a verdade, a liberdade e a democracia podem fracassar. O jornalismo de qualidade que busca a verdade pode — e faz — a diferença para os cidadãos do mundo. Este ano pedimos que você escolha a verdade e apoie seu canal de notícias favorito”, afirma Kathy English, presidente da CJF.
Ela ressalta que os fatos que os jornalistas encontram podem muito bem ser “a melhor versão disponível da verdade”, não a história toda. ’Portanto, devemos sempre atualizar escrupulosamente os fatos à medida que aprendemos mais e corrigir nossos erros quando erramos’, diz.
“2024 está testando nossas sociedades modernas de maneiras que esperávamos que nunca se repetissem. Regimes autocráticos e aspirantes a ditadores ao redor do mundo lançaram um desafio às liberdades através de fronteiras, raças e religiões”, escrevem em artigo Maria Ressa, ganhadora do Prêmio Nobel e CEO do Rappler.com, e Branko Brkic, editor-chefe do Daily Maverick, da África do Sul, criador do tema “Escolha a Verdade”.
“É um dia para fazer uma pausa e refletir sobre a importância de jornalistas independentes e muitas vezes corajosos que fazem a diferença em suas comunidades e países, fornecendo a prova que leva à verdade”, diz David Walmsley, editor-chefe do The Globe and Mail, Canadá, criador do Dia Mundial do Jornalismo.
Em outro artigo, o presidente-executivo da ANJ, Marcelo Rech, destaca que, por estarem baseados na confiança, nenhum veículo sobrevive abrindo mão da ética ou tornando elásticos seus conceitos de veracidade e responsabilidade na divulgação de conteúdos.
O jornalista escreve ainda que, em seus modelos de negócios, “as grandes plataformas produzem como efeito colateral uma poluição social” que ameaça a sanidade mental e a estabilidade do planeta.
“Nada mais justo, portanto, que essas plataformas paguem uma taxa de sustentação do jornalismo profissional, que faz a limpeza de grande parte desta poluição social. A lógica é simples: quem suja o ecossistema deve pagar pelo menos uma parte a quem limpa”.
Para Fatemah Farag, fundadora e diretora da Welad ElBalad Media, do Egito, vivemos em primeira mão os perigos impostos à democracia pela perda da mídia independente – particularmente local.
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“Estamos agora confiantes no conhecimento de que a sobrevivência de um setor de mídia diverso e proficiente é uma pedra angular essencial nessa busca por humanidade e liberdade”, afirmou ela.