A proposta de resolução patrocinada pelo Brasil sobre a guerra entre Israel e Hamas foi vetada pelos Estados Unidos de forma isolada, nesta quarta-feira (18), no Conselho de Segurança das Organização das Nações Unidas (ONU).
O projeto previa pausas humanitárias no confronto e condenação dos ataques terroristas. Segundo a diplomacia dos EUA, o veto se deve à ausência de menção ao direito de autodefesa de Israel, apoiado por Washington.
Os Estados Unidos têm poder de veto por ser um dos membros permanentes do Conselho, ao lado de Rússia, China, Reino Unido e França.
“Os EUA estão desapontados que a resolução não cita o direito de autodefesa de Israel. Não podemos apoiar o avanço dessa resolução, mas continuaremos a trabalhar com os membros do conselho”, disse a embaixadora Linda Thomas Greenfield. “Estamos no terreno fazendo o trabalho duro da diplomacia.”
“Ao passo que reconhecermos o desejo do Brasil de aprovar esse texto, acreditamos que precisamos deixar essa diplomacia acontecer, especialmente quando o secretário-geral António Guterres, o presidente Joe Biden e o secretário de Estado Antony Blinken e atores regionais estão envolvidos em intenso diálogo sobre várias questões que estamos deliberando hoje. Sim, resoluções são importantes e este Conselho devem se pronunciar, mas nossas ações que tomamos devem ser baseadas em informações do terreno e apoiar ações e esforços diplomáticos que salvam vidas”, completou a embaixadora americana na ONU.
Resolução
A resolução teve 12 votos a favor, 1 veto e 2 abstenções – de Rússia e Reino Unido. Dos membros permanentes, China e França votaram a favor do projeto brasileiro, como haviam indicado na véspera.
A proposta obteve o mínimo de 9 votos para aprovação, mas acabou barrada pelo veto dos EUA, um membro permanente do Conselho de Segurança. Para ser aprovada, uma resolução exige a aprovação de 9 dos 15 membros do órgão, e nenhum veto dos cinco com assento permanente –EUA, China, Rússia, França e Reino Unido.
Desde 2016 o conselho não emite uma resolução sobre o Oriente Médio, situação que coloca mais pressão sobre o órgão, criticado pela ineficiência em relação à Guerra da Ucrânia.
A Rússia criticou a proposta brasileira, e propôs duas emendas. Uma para incluir uma condenação a ataques a civis na Faixa de Gaza, citando o ataque ao hospital, e a segunda, para falar em cessar-fogo humanitário, em vez de uma pausa humanitária. A primeira parte teve 6 votos a favor, 1 contra e 8 abstenções, sendo derrotada. A segunda parte também fracassou, após novo veto dos EUA —o placar total foi de 7 a favor, 1 contra e 7 abstenções.
A escalada de violência, que chegou ao 12º dia, já soma mais de 4.000 mortos, sendo 3.000 palestinos e 1.400 israelenses. A maioria é civil.
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