O PL expulsou de seus quadros o deputado Yury do Paredão (CE), cujo apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva vinha contrariando lideranças do partido. A decisão foi tomada pelo presidente da agremiação, Valdemar Costa Neto, que se reuniu com o parlamentar na manhã desta quinta (20).
Um processo interno contra o parlamentar havia sido aberto na segunda-feira, no diretório estadual. O presidente da legenda no Ceará, Acilon Gonçalves, devolveu o pedido e informou que a decisão caberia ao presidente nacional.
Ao longo do primeiro semestre, Yury fez repetidos acenos ao governo Lula – destacando ações da atual gestão – e se aliou a petistas no Ceará. A tensão entre o deputado e os correligionários começou em maio, quando ele publicou uma foto ao lado de Lula e do ministro da Educação, Camilo Santana, ex-governador do Estado. Na imagem, o parlamentar estava fazendo com o polegar e indicador o gesto do “L”, símbolo da campanha petista.
O episódio rendeu uma indireta do deputado bolsonarista André Fernandes (PL-CE). “Deputado do PL que posa ao lado do maior ladrão da história do Brasil em foto tem que ser expulso imediatamente do partido. Quem tem ‘honra’ em receber Lula não tem honra para permanecer no nosso partido”, escreveu Fernandes.
Mesmo depois disso, Yury continuou sinalizando apoio ao governo: fez propaganda do projeto Desenrola, elaborado para limpar o nome de brasileiros endividados; elogiou a volta do Minha Casa, Minha Vida e se posicionou sobre a aprovação do arcabouço fiscal.
Comunicado
Yury e Valdemar comunicaram a decisão. “Recebi na sede do PL Nacional o deputado Yury do Paredão, do Ceará, a quem reafirmei que será expulso do partido por não comungar dos ideais de nossa legenda”, escreveu o dirigente.
“Respeito a decisão do presidente. E agradeço a oportunidade dada na eleição de 2022. Sigo como deputado federal, defendendo a democracia, fazendo política com diálogo, respeito, sem radicalismo, com tolerância, e defendendo as ações dos governos que tragam melhorias para o povo brasileiro”, afirmou o parlamentar poucos minutos depois.
A decisão foi uma resposta à pressão da ala bolsonarista do partido que acredita que a legenda precisa representar a direita conservadora que elegeu a maior bancada da Câmara, com 99 deputados. Parlamentares como Ricardo Salles (PL-SP) já fizeram críticas públicas às repetidas aproximações do PL ao Centrão.
Com a saída, Yury perde a capacidade de participar de comissões que o PL o indicou. Ele é titular na Comissão de Turismo e na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos esquemas de pirâmide, e suplente na Comissão de Finanças e Tributação.
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