A Coreia do Norte lançou mais centenas de balões carregados de lixo e esterco em direção à Coreia do Sul depois de uma campanha similar dias antes, de acordo com o exército coreano, no que Pyongyang chamou de retaliação por ativistas terem lançado panfletos com mensagens contra a Coreia do Norte pela fronteira.
Entre a noite de sábado (1º), e a manhã deste domingo (2), cerca de 600 balões que partiram da Coreia do Norte foram encontrados em várias partes da Coreia do Sul. Os balões carregavam bitucas de cigarro, restos de tecido, resíduos de papel e vinil, mas nenhuma substância perigosa foi detectada, disse o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul no domingo.
As Forças Armadas orientaram que as pessoas se atentem a objetos que estejam caindo do céu e que não toquem em material suspeito que possa ser da Coreia do Norte. Em vez disso, esses objetos devem ser reportados para o exército ou para a polícia local. Não foram relatados casos de feridos ou de danos patrimoniais.
Em Seul, o governo local enviou alertas aos celulares dizendo que objetos suspeitos não identificados lançados da Coreia do Norte em direção ao país foram detectados no céu perto da cidade e que o exército já estava lidando com o assunto.
Os lançamentos de balões se somam a uma recente série de provocações, que inclui o lançamento fracassado de um satélite espião e uma enxurrada de lançamentos de mísseis de curto alcance, o que, segundo a Coreia do Norte, demonstraria sua capacidade de atacar o Sul.
Resgate de balões
As Forças Armadas da Coreia do Sul enviaram equipes químicas de resposta rápida e de remoção de explosivos para recuperar os destroços de cerca de 260 balões norte-coreanos que foram encontrados em várias partes do país entre a noite de terça-feira (28), e quarta-feira (29). O órgão afirmou que os balões carregavam vários tipos de lixo e esterco, mas que não continham nenhuma substância perigosa química, biológica ou radioativa.
Alguns dos balões foram encontrados com timers de relógio, que sugere que eles foram projetados para estourar as bolsas de lixo no ar. Em um comunicado na quarta-feira, Kim Yo Jong, a poderosa irmã do líder norte-coreano, Kim Jong Un, confirmou que a Coreia do Norte havia lançado balões para cumprir a recente ameaça de seu país de “espalhar montes de lixo e sujeira” na Coreia do Sul em resposta às campanhas de panfletagem feitas por ativistas sul-coreanos.
Ela sugeriu que os balões podem se tornar a resposta padrão do país para a panfletagem, dizendo que a Coreia do Norte iria responder “espalhando dezenas de vezes mais lixo do que aqueles que estão sendo espalhados em nós”.
O ministro de Unificação das Coreias disse na sexta-feira (31) que a Coreia do Norte deve parar com as provocações – que incluem o lançamento de mísseis e outros movimentos – ou poderá enfrentar consequências “insustentáveis”.
O exército sul-coreano afirmou que não planeja abater os balões, citando preocupações com possíveis danos ou a possibilidade de que os objetos contenham substâncias perigosas.
Atirar nos balões perto da fronteira também poderia desencadear uma retaliação da Coreia do Norte em um momento de altas tensões entre os países.
“Decidimos que era melhor deixar os balões caírem e recuperá-los com segurança”, disse Lee Sung Joon, porta-voz do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, durante uma reunião na quinta-feira (30).
A Coreia do Norte é extremamente sensível em relação a qualquer tentativa externa de acabar com o controle absoluto que Kim Jong Un tem sobre o país de 26 milhões de habitantes, dos quais a maioria tem pouquíssimo acesso a notícias do exterior.
Em 2020, a Coreia do Norte explodiu um escritório conjunto de negociações com a Coreia do Sul em seu próprio território após uma resposta furiosa às campanhas de panfletagem civil. Em 2014, a Coreia do Norte disparou contra balões de propaganda que voavam em direção ao seu território, e a Coreia do Sul respondeu com fogo, embora não tenha havido vítimas.
Em 2022, a Coreia do Norte chegou a sugerir que os balões vindos da Coreia do Sul haviam causado um surto de Covid-19 na nação isolada, uma alegação altamente questionável que parecia ser uma tentativa de culpar o Sul pela piora das relações entre os países.
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