CIÊNCIA
Cientistas fazem descobertas em chiclete de 10 mil anos
Curioso estudo de cientistas na Escandinávia está revelando detalhes sobre a vida na pré-história, 10 mil anos atrás
Última atualização: 19/01/2024 09:22
Uma curiosa fonte de informação está ajudando cientistas a aprender sobre a pré-história. Cientistas da Universidade de Estocolmo estão descobrindo detalhes sobre a dieta das pessoas que viviam na Escandinávia há 10 mil anos graças a um chiclete ou goma de mascar encontrado há 30 anos em um sítio arqueológico.
Não se trata, naturalmente, do que se considera chiclete na sociedade industrial contemporânea. O material que os cientistas analisam é resina vegetal que era mastigada a fim de produzir cola. Trata-se de um processo ainda hoje usado por indígenas ao redor do mundo.
O que as pessoas comiam na costa oeste da Escandinávia há 10.000 anos? Novo estudo do DNA na goma de mascar revela que a dieta era composta de cervos, trutas e avelãs. Ele também mostra que um dos indivíduos tinha sérios problemas com os dentes.
Há cerca de 9.700 anos, um grupo de pessoas estava acampando na costa oeste da Escandinávia, ao norte do que hoje é Gotemburgo. Eles haviam pescado, caçado e coletado recursos para alimentação. E alguns adolescentes, meninos e meninas, mascavam resina para produzir cola, logo após mastigar trutas e cervos, bem como avelãs.
Devido a um caso grave de periodontite (uma severa infecção gengival que pode levar à perda de dentes e osso), um dos adolescentes teve problemas para comer a carne de veado dura, bem como preparar a resina mastigando-a. Graças a isso, restos não mastigados da resina foram localizados. Aliás, uma equipe internacional de pesquisa vem trabalhando com a resina mastigada de Huseby Klev há algum tempo. O material foi encontrado há três décadas.
"Há uma riqueza de sequências de DNA na resina mastigada de Huseby-Klev, e nela encontramos tanto as bactérias que sabemos estar relacionadas à periodontite quanto DNA de plantas e animais que eles mastigaram antes", diz Emrah Krdök, do Departamento de Biotecnologia da Universidade Mersin, que coordenou o trabalho metagenômico na goma de mascar do Mesolítico.
A evolução da pesquisa
Emrah Krdök começou a analisar o material quando era pós-doutor no Departamento de Arqueologia e Estudos Clássicos da Universidade de Estocolmo, mas o estudo cresceu muito desde então.
O local de Huseby Klev, na ilha de Orust, foi escavado há 30 anos. Resina mastigada foi encontrada junto com restos de ferramentas de pedra em um contexto datado de cerca de 9.700 anos atrás. O material de pedra também indicava uma cronologia mesolítica.
O material mastigado de Huseby Klev já gerou um estudo sobre os dados genéticos humanos de três indivíduos, e o DNA do material que não era de origem humana também foi analisado e publicado. Identificar as diferentes espécies presentes no tipo de mistura de DNA que estava presente na goma de mascar mesolítica foi um desafio.
O professor Anders Götherström, chefe do projeto e representante do Centro de Paleogenética (uma colaboração entre a Universidade de Estocolmo e o Museu Sueco de História Natural), está entusiasmado com as descobertas. "Isso nos oferece um instantâneo da vida de um pequeno grupo de caçadores-coletores na costa oeste da Escandinávia. É incrível! Existem outros métodos bem estabelecidos para entender a nutrição e dieta do período Neolítico, mas aqui nós sabemos que esses adolescentes estavam comendo cervo, truta e avelãs há 9.700 anos na costa da Escandinávia, enquanto pelo menos um deles tinha problemas sérios de dentes."
(Com informações de Science Daily)