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Saúde

Cientista fala em "revolução" nas vacinas contra o câncer

Seminário no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, aborda nova geração de medicamentos, que aproveita aprendizados da luta contra a Covid-19

André Moraes
Publicado em: 01/09/2023 às 03h:00 Última atualização: 17/10/2023 às 20h:22
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Um dos grandes males para a saúde humana, o câncer, concentra a atenção de centros de pesquisa e laboratórios há décadas. Muitos tratamentos tiveram grandes avanços nos últimos anos. Um seminário realizado nas últimas semanas no Instituto Tecnológico de Massachusetts, nos Estados Unidos, o famoso MIT, enfocou perspectivas otimistas para uma nova geração de terapias. As vacinas contra o câncer, que até agora tinham tido sucesso limitado, estariam no limiar de um grande avanço.

Ilustração digital de uma célula cancerosa pancreática. Este é um dos tipos de câncer que é objeto de pesquisa de vacina | Jornal NH



Ilustração digital de uma célula cancerosa pancreática. Este é um dos tipos de câncer que é objeto de pesquisa de vacina

Foto: Adobe Stock

“Todos nós aprendemos ao longo dos últimos anos, devido à pandemia de Covid-19, quando as terapias e o desenvolvimento de vacinas foram colocados à prova, o que é realmente possível”, disse Matthew Vander Heiden, Diretor do Instituto Koch, um centro de pesquisa de saúde do MIT. Com mais de uma dúzia de ensaios clínicos em andamento de vacinas contra o câncer, Vander Heiden acredita que podemos estar “próximos de uma nova revolução das vacinas contra o câncer”.

Os novos medicamentos que estão sendo pesquisados usam RNA mensageiro ou mRNA, uma das tecnologias responsáveis pelo êxito de vacinas contra a Covid-19. Este foi um dos assuntos abordados nno simpósio anual do Instituto Koch, do MIT, realizado há duas semanas.

Comunicado do MIT resumiu o histórico das vacinas contra o câncer: “Embora as primeiras tentativas de usar uma vacina para tratar o câncer remontem à década de 1910, a primeira vacina terapêutica eficaz só surgiria cerca de um século depois, quando o Sipuleucel-T foi usado para tratar o câncer de próstata em 2010. Embora a vacina contra o câncer de próstata aprovada pela FDA tenha gerado muita expectativa, tem sido difícil replicar seu sucesso. O T-VEC, usado para tratar o melanoma metastático, é a única outra vacina terapêutica contra o câncer aprovada pela FDA. Embora existam algumas vacinas preventivas contra vírus associados ao câncer (como as vacinas contra HPV e hepatite B), vacinas que previnem o câncer diretamente têm se mostrado difíceis de alcançar.” A alusão ao FDA cita a Federal Drug Administration, agência norte-americana responsável pela administração de medicamentos, semelhante à Anvisa brasileira.

É neste cenário que os cientistas estão entusiasmados com os prospectos da nova tecnologia de RNA para se chegar a vacinas efetivas contra alguns tipos de câncer. Michal Bassani-Sternberg, do Hospital Universitário de Lausanne, na Suíça, apresentou seu trabalho utilizando plataformas ômicas e aprendizado de máquina para caracterizar as características dos tumores e seus microambientes, a fim de melhorar as estratégias de vacinação e seleção de antígenos para os diferentes perfis genéticos de tumores pulmonares em fumantes e não fumantes.

E não se trata apenas de teoria. Entre os dados apresentados, estão os primeiros ensaios clínicos de vacinas efetivamente sendo testadas. Um dos medicamentos, que foi aplicado em pacientes em recuperação após cirurgia de retirada de câncer pancreático, obteve diminuição de 44% na recorrência de tumores e uma queda de 65% nas metástases.

Algumas das pesquisas ainda estão em estágios iniciais, mas também já existem medicamentos efetivamente em teste. Embora adoção em larga escala possa estar distante, é possível que os próximos anos vejam o surgimento de algumas surpresas.

(Com informações de MIT News)

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