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CONTAMINAÇÃO?

Ciência alerta: Colheres de plástico preto e até brinquedos infantis podem ser cancerígenos; entenda

Estudo analisou mais de 200 produtos domésticos e descobriu altos níveis de uma substância que pode aumentar risco de câncer em mais de 80% deles

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Publicado em: 03/01/2025 às 17h:13 Última atualização: 03/01/2025 às 17h:16
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Um novo estudo descobriu que o plástico preto, usados para fazer desde brinquedos infantis até utensílios de cozinha, como as colheres, pode ser cancerígeno.

Plástico preto é usado em diversos produtos domésticos, desde colheres usadas na cozinha até brinquedos infantis | abc+



Plástico preto é usado em diversos produtos domésticos, desde colheres usadas na cozinha até brinquedos infantis

Foto: Karolina Grabowska/Pexels

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Isso porque os produtos feitos de plástico preto, como as colheres usadas na cozinha, podem conter níveis alarmantes de retardantes de chama (FR, na sigla em inglês), uma substância química tóxica, conforme uma pesquisa publicada no volume 365 da revista científica Chemosphere, em outubro de 2024.

Cientistas da organização norte-americana Toxic-Free Future e da Universidade Livre de Amsterdã analisaram 203 produtos domésticos feitos com esse tipo de plástico, vendidos nos mercados dos Estados Unidos, para entender se eles continham os retardantes de chama.

Os retardadores de chama, como os bromados (BRFs) e organofosforados (OPRFs) são usados em produtos elétricos e eletrônicos, como as televisões, para prevenir ou, como o próprio nome dá a entender, retardar o fogo. Porém, estão aparecendo em outros objetos, nos quais não deveriam estar.

No total, essa substância química foi encontrada em 85% dos mais de 200 itens, em uma concentração de até 22,8 mil miligramas por quilograma. Os itens que possuíam os níveis mais altos dos retardantes foram uma bandeja de sushi, uma espátula e em um colar de contas.

A pesquisa também analisou os itens para os retardantes BRFs e OPFRs, além dos polímeros plásticos, como acrilonitrila butadieno estireno, poliestireno de alto impacto e polipropileno.

Foi encontrado éter decabromodifenílico (decaBDE) nos produtos, em níveis de 5 a 1.200 vezes maiores nos produtos do que os permitidos pela União Europeia, assim como outros que são substitutos dele, como decabromodifenil etano (DBDPE).

Quem usa utensílios de cozinha contaminados pode ingerir cerca de 34,7 mil nanogramas por dia, conforme as estimativas da exposição ao decaDBE, amplamente usado em revestimentos eletrônicos e faz parte dos retardantes bromados. Conforme o estudo, o éter decabromodifenílico já foi detectado até no leite materno.

Já o plástico que é normalmente usado em eletrônicos, à base de estireno, continha níveis significativamente mais altos de retardantes de chama do que plásticos menos utilizados na fabricação de produtos como as TVs, como o polipropileno e o nylon.

A hipótese dos cientistas é que a contaminação acontece por conta da falta de transparência relacionada a químicos presentes em mercadorias, e restrições limitadas ao uso dos retardantes em eletrônicos, o que levou ao uso generalizado e à disseminação destes compostos, que são prejudiciais à saúde.

Por conta disso, esses plásticos são reciclados com frequência e podem ser incorporados em outros produtos, como em bandejas usadas para embalar comida, objetos que não exigem retardantes de chama. Isso pode resultar em uma exposição “potencialmente alta e desnecessária”, de acordo com a pesquisa. 

“A detecção de FRs em produtos domésticos analisados indica que a reciclagem, sem a transparência e as restrições necessárias para garantir a segurança, está resultando na exposição inesperada a retardantes de chamas tóxicos”, concluiu o estudo.

Os FRs podem afetar a saúde de diversas formas. A preocupação dos cientistas é que sejam cancerígenos ou disruptores endócrinos, que desregulam os hormônios no corpo. Além da possibilidade de levarem à toxicidade reprodutiva, que causa alterações no comportamento e desempenho sexual, infertilidade e/ou perda do feto durante a gravidez.

“Esses químicos que causam câncer não deveriam ser usados, para começo de conversa, mas com a reciclagem, eles estão entrando no nosso ambiente e nas nossas casas de diversas formas. Os níveis que encontramos são preocupantes”, afirmou a co-autora da pesquisa Megan-Liu a Toxic-Free Future, onde é gerente de política e ciência.

“A saúde de mulheres e crianças devem ser priorizadas acima dos lucros da indústria de químicos”, disse a cientistas. E, para ela, as soluções são claras: a indústria deve usar plásticos menos tóxicos, assim como químicos e materias mais seguros, além de pôr um fim ao sigilo quanto aos ingredientes do plástico.

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