TRAGÉDIA
"Catastrófica": Tempestade deixa 2 mil mortos e 10 mil desaparecidos na Líbia; veja vídeo
A chuva que atinge o país é decorrente da mesma que causou inundações na Grécia. Agora é conhecido como um ciclone tropical, o Medicane
Última atualização: 17/10/2023 21:24
Aproximadamente 2 mil pessoas morreram e 10 mil estão desaparecidas após a chuvarada provocada pela tempestade Daniel, que causou o rompimento de duas barragens no nordeste da Líbia e fez com que a água fluísse para áreas já inundadas.
"O número de mortos é enorme e cerca de 10 mil estão desaparecidos", falou Tamer Ramadan, chefe da delegação da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) na Líbia, em uma conferência de imprensa em Genebra, nesta terça-feira (12).
O ministro da saúde do governo, Othman Abduljalil, disse que cerca de 6.000 estão desaparecidas só na cidade de Derna. A informação foi divulgada pela TV Almasar, localizada no país.
"A situação [em Derna] era catastrófica. Os corpos continuam espalhados em muitos lugares", disse Abduljalil. "Há famílias ainda presas dentro de suas casas e há vítimas sob os escombros. Presumo que as pessoas tenham sido arrastadas para o mar e amanhã (terça-feira) de manhã encontraremos muitas delas."
De acordo com a CNN, a chuva é o resultado de um sistema muito forte de baixa pressão que ocasionou inundações catastróficas na Grécia na semana passada, e foi pelo Mediterrâneo antes de se transformar em um ciclone tropical, também conhecido como Medicane. Esse sistema climático é parecido com às tempestades tropicais e furacões no Atlântico ou aos tufões no Pacífico.
Segundo uma publicação nas redes sociais, a Cruz Vermelha da Líbia estima que mais de 300 pessoas já morreram em Derna.
"Como consequência, três pontes foram destruídas. A água corrente levou bairros inteiros, acabando por depositá-los no mar", disse Ahmed Mismari, porta-voz do Exército Nacional da Líbia.
O chefe da autoridade de Emergência e Ambulâncias da Líbia, Osama Aly, comentou à CNN que depois que a barragem rompeu "toda a água foi direcionada para uma área perto de Derna, que é uma área costeira montanhosa".
Casas que ficavam nos vales foram arrastadas por fortes correntezas que transportavam lama, veículos e detritos. As linhas telefônicas da cidade caíram, prejudicando o regate. Aly disse que as autoridades não estavam prevendo a escala do desastre.
"As condições meteorológicas não foram bem estudadas, os níveis da água do mar e das chuvas [não foram estudados], as velocidades do vento, não houve evacuação de famílias que poderiam estar no caminho da tempestade e nos vales", reforça Aly.
O chefe ainda disse que ao canal Al Hurra que "a Líbia não estava preparada para uma catástrofe como esta. Nunca testemunhou esse nível de catástrofe antes. Admitimos que houve deficiências, embora esta seja a primeira vez que enfrentamos esse nível de catástrofe".
"Condições meteorológicas severas"
O chefe do governo, Osama Hamad, disse que a situação está "catastrófica e sem precedentes", segundo um relatório da organização de notícias estatal Agência de Notícias da Líbia.
Diversos países prestaram as suas condolências e ofereceram ajuda à Líbia. Aviões turcos com ajuda humanitária chegaram ao país, segundo a Autoridade de Gestão de Emergências da Turquia, nesta terça-feira (12).
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que mandará ao país 168 equipes de busca e resgate e ajuda humanitária para Benghazi, conforme a agência de notícias estatal Anadoulu Agency.
A Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia, também compartilhou uma postagem nas redes sociais. "As Nações Unidas na Líbia acompanham de perto a emergência causada pelas condições meteorológicas severas na região oriental do país."