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Capsula Orion, da missão Artemis I, sobrevoa a Lua

Aproximação da superfície lunar é feita pela missão não tripulada que foi lançada na última quarta-feira (16)

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Publicado em: 21/11/2022 às 09h:34
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A agência espacial americana (Nasa) lançou, com sucesso, na última quarta-feira (16), o poderoso foguete Space Launch System (SLS), da missão não tripulada Artemis I, rumo à Lua, em um salto considerado história para a astronomia. Nesta segunda-feira (21), a espaçonave Orion realiza uma aproximação da superfície lunar, que foi transmitida ao vivo pela agência norte-americana.

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Missão Artemis I

Após tentativas frustradas e com atraso, o lançamento do foguete da missão Artemis I ocorreu às 3h47 (horário de Brasília) da quarta-feira passada, no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, nos Estados Unidos. “Este foguete custou muito suor e lágrimas”, disse o chefe do Nasa, Bill Nelson. “Isso nos permitirá voar para a Lua e voltar.”

Meio século depois da primeira ida do homem à Lua, no programa Apollo, a missão Artemis I pretende preparar o caminho da exploração lunar para o posterior embarque de astronautas. Considerado o foguete mais poderoso construído pela Nasa, o SLS tem 98 metros de altura (mais alto que um prédio de 30 andares) e voa com a espaçonave Orion acoplada, além de três bonecos de teste a bordo. O voo estava marcado para 1h04 (3h04 em Brasília), com uma janela de lançamento de duas horas, mas problemas técnicos durante a preparação para a decolagem ameaçaram estragar a festa pela terceira vez e atrasaram o lançamento, que só ocorreu 43 minutos depois.

 

A primeira tentativa de decolagem, há alguns meses, foi cancelada no último momento por um sensor defeituoso, e a segunda por um vazamento de hidrogênio. Após esses problemas técnicos, dois furacões – Ian e Nicole – obrigaram o lançamento a ser adiado por várias semanas. Por fim, a terceira tentativa foi bem-sucedida.

Logo após a decolagem, assumiram as equipes do centro de controle de Houston. Dois minutos depois, os dois boosters brancos voltaram para o Atlântico. Após oito minutos, o andar principal se separou. Então, cerca de uma hora e meia após a decolagem, um último impulso do estágio superior colocou a cápsula Orion em seu caminho para a Lua. Todo o processo de lançamento foi transmitido ao vivo pelo canal da Nasa no YouTube.

Entre os cientistas ouvidos pelo Estadão, a importância do programa Artemis é unanimidade. A própria Nasa defende que o programa inaugura uma nova era da exploração lunar, que, segundo a agência, proporcionará descobertas científicas e benefícios, além de inspirar uma nova geração de exploradores. “A importância é muito grande, sem a menor dúvida, porque marca o começo da volta da exploração tripulada do sistema solar. Existe a iniciativa de voltarem as missões de exploração tripulada além da órbita da Terra”, comenta Roberto Dell’Aglio Dias da Costa, professor do departamento de Astronomia da Universidade de São Paulo (USP).

Costa lembra que, a partir dos anos 70, com o fim do programa Apollo, as missões com astronautas ficaram restritas à órbita terrestre. Para além disso, a exploração é feita de forma automática, com robôs e sondas, por exemplo. Ao contrário das máquinas, os seres humanos não são pré-programados, o que expande o leque de possibilidades de resultados das viagens, de acordo com o professor.

“Uma missão tripulada obviamente tem muito mais flexibilidade, em termos de resultados, de pesquisa e de tomada de decisões”, explica. Ele destaca, porém, que esse tipo de viagem é mais arriscado e caro. Segundo o jornal americano The New York Times, só para lançar a Artemis I, mesmo que sem astronautas, já foram gastos U$ 40 bilhões. Brasileira e cientista-chefe de Ciências Planetárias do Jet Propulsion Laboratory (JPL), da Nasa, na Califórnia (EUA), Rosaly Lopes concorda. “É muito difícil você criar um robô com o conhecimento de um astronauta.”

Colonização

Essa presença mais prolongada no satélite natural agora se dará com a construção de uma estação espacial (gateway), que está nos planos do programa. A Nasa explicou que a estrutura servirá como um “posto avançado multifuncional” orbitando a Lua, e fornecerá suporte para o retorno humano de longo prazo à superfície lunar, além de servir como ponto de parada para a exploração do espaço profundo. A agência diz trabalhar com parceiros comerciais e internacionais para estabelecer o gateway.

O lançamento bem-sucedido da primeira fase da missão Artemis deixa os cientistas ansiosos por avanços. “Espero que dê tudo certo com a missão e que a gente possa traçar passos seguros pra a ‘colonização’ do sistema solar interno”, explica o doutor em Física e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Alexandre Zabot.

“Acho que a possibilidade de que existam pessoas caminhando na Lua daqui uns três ou quatro anos é muito concreta”, destaca Costa. “O foguete lançador, o SLS e a própria nave (Orion) devem evoluir ao longo da próxima década. Ele deve evoluir bastante para que em meados dos anos 2030 tenha se transformado em um foguete ainda mais potente, com maior performance, com maior confiabilidade, para levar a primeira tripulação humana até Marte.”

*Com texto de Letícia França e Leon Ferrari/Estadão Conteúdo

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