CIÊNCIA

Baratas? Não! Vermes resistentes à radiação em Chernobyl são descobertos

Os vermes estudados ficam na zona de exclusão de Chernobyl, em um raio de 30 quilômetros da usina

Publicado em: 30/03/2024 17:12
Última atualização: 30/03/2024 17:12

Apesar do mito sobre baratas serem imunes a muitas coisas, outro ser possui mais chances de sobreviver a desastres nucleares, e são os vermes! Uma espécie resistente à radiação em Chernobyl foi descoberta por cientistas.


Vermes habitam a zona de exclusão de Chernobyl, que fica em um raio de 30 quilômetros da usina Foto: IAEA/Reprodução

Os nematoides Oscheius tipulae habitam a zona de exclusão de Chernobyl, que desde o desastre de 1986 é uma área de extremos níveis de radiação, ficando em um raio de 30 quilômetros da usina.

As análises mostram que esses vermes não sofreram danos genéticos, mesmo sendo expostos ao local onde o acidente nuclear aconteceu. Isso não significa que o lugar é seguro, no entanto, apenas que esses seres são muito resistentes.

Os resultados foram publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), por cientistas da Universidade de Nova York (NYU) em colaboração com pesquisadores da Ucrânia.

Apesar da genética dos vermes ser simples, os resultados podem levar a um melhor entendimento sobre como diferentes indivíduos são mais suscetíveis que outros ao câncer.

Radiação e os que ainda habitam a zona

O estudo aborda as mudanças genéticas que a exposição da radiação influenciou. Não é de hoje que o tema é alvo de pesquisas. Os cachorros que vivem em Chernobyl também já foram estudados, por exemplo.

Sophia Tintori, principal autora da pesquisa, afirmou que ainda não há um grande conhecimento quanto aos efeitos do desastre nas populações locais.

"Será que a súbita mudança ambiental selecionou espécies, ou mesmo indivíduos dentro de uma espécie, que são naturalmente mais resistentes à radiação ionizante?”, disse em entrevista à NYU.

Com isso em mente, o grupo de pesquisadores se concentrou nos vermes, que possuem o genoma simples e uma reprodução rápida.

"Esses vermes vivem em todos os lugares e rapidamente, por isso passam por dezenas de gerações de evolução enquanto um vertebrado típico ainda calça os sapatos”, disse Matthew Rockman, autor sênior do estudo.

Desastre de Chernobyl

Em 26 de abril de 1986, o reator número quatro da Usina Nuclear de Chernobyl explodiu, na cidade de Pripyat, na antiga União Soviética e atualmente Ucrânia.

Trinta e uma pessoas morreram imediatamente e 600 mil liquidatários, envolvidos em operações de combate a incêndios e limpeza, foram expostos a altas doses de radiação, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

Ainda com base nos relatórios oficiais, quase 8.400.000 pessoas na Bielorrússia, na Rússia e na Ucrânia também foram expostas e cerca de 155.000 km2 de territórios nos três países foram contaminados.

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