Há um debate crescente sobre um aumento de diagnósticos do Transtorno do Espectro Autista (TEA) nos últimos anos. Quanto a isso, a impressão está certa. “Mais pessoas do que nunca foram diagnosticadas com TEA”, afirma o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
No Brasil, não há estudos exatos sobre a quantidade de pessoas que possuem algum nível do TEA. Ainda assim, é estimado que o número chegue a 2 milhões de pessoas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), por volta de 2014.
De acordo com o Censo escolar, o País registrou um aumento de 280% de estudantes no espectro que estão matriculados em escolas públicas e particulares, entre 2017 e 2021, de acordo com a Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Em todo o mundo, 1 em cada 160 crianças está no espectro, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Em outros países, como nos Estados Unidos, pesquisas mostram que 1 a cada 36 crianças é diagnosticada com o transtorno, conforme publicação do CDC.
Entretanto, o debate gera questionamentos: o que está por trás do aumento de número de diagnósticos?
Por quê houve aumento no diagnóstico de autismo?
Não há um motivo concreto para o aumento nos diagnósticos de autismo, mas o CDC afirma que está entre a ampliação da definição do TEA e melhores esforços para fazer a investigação.
“No entanto, não se pode descartar um aumento real no número de pessoas com TEA. Acreditamos que o aumento no número de diagnósticos se deva provavelmente a uma combinação desses fatores”, explica o CDC.
Ainda, o centro afirma que o transtorno “é mais comum do que pensávamos”. “Devemos considerá-lo um grande problema de saúde pública.”
A médica psiquiatra da infância e adolescência do Hospital Moinhos de Vento, Ana Soledade Graeff-Martins, afirma que os motivos estão também no maior conhecimento da população sobre o transtorno.
“Primeiro, pelo aumento do acesso aos serviços de diagnóstico, por maior esclarecimento da população, menos estigma e maior disponibilidade de serviços’, começa Ana Soledade.
“Segundo, o diagnóstico dos casos mais leves, que antes não eram identificados. Terceiro, um crescimento real do número de casos até o momento já associado com maiores idades materna e paterna e uso de algumas substâncias durante a gestação, como por exemplo o ácido valpróico.”
Como é feito o diagnóstico de TEA
O diagnóstico de TEA é feito levando em consideração um conjunto de fatores. Normalmente, a suspeita chega ainda na infância, através dos pais ou durante consultas médicas de acompanhamento do desenvolvimento infantil. Ele é, na realidade, essencialmente clínico.
Realizado por meio da observação direta dos comportamentos, os sinais geralmente estão presentes antes dos 3 anos. Adultos também podem ser diagnosticados, mas há maiores dificuldades.
Entre os comportamentos que serão notados pelos especialistas, estão prejuízos na interação social e na comunicação, padrões muito específicos comportamentais e de interesses.
Entretanto, é importante ressaltar que é chamado de espectro pois nem todos os diagnosticados possuem a mesma intensidade nas características, ou se quer são as mesmas. Para identificar as diferenças, foram estipulados níveis.
Fontes: Opas; Centro de Controle e Prevenção de Doenças; Jornal da Unesp; Hospital Moinhos de Vento; Ministério da Saúde; Associação de Amigos do Autista;
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