A missão Polaris Dawn, da empresa espacial SpaceX de Elon Musk, fez história nesta quinta (12), ao levar civis para caminhar no espaço. No entanto, a viagem, que atingiu o ponto mais distante da Terra desde a Era Apollo, não serviu apenas para “turismo espacial”: ela é também fonte de testes e estudos de diferentes áreas da tecnologia espacial.
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Da criação de tecnologia avançada para traje de astronautas a pesquisas médicas para a Nasa, a missão já é considerada a mais ousada e inovadora da empresa e torna-se um marco para os avanços do turismo espacial. Veja abaixo alguns dos testes da missão:
Inovação nos trajes espaciais
Há algum tempo, a Nasa estuda um substituto para as tradicionais “roupas de astronautas”. Em menos de três anos, período de elaboração da Polaris Dawn, a SpaceX criou seus próprios trajes espaciais e os colocou à prova na missão.
Os trajes de Atividade Extra-Veicular (EVA) não contam com um Sistema Primário de Suporte à Vida, ou PLSS, que são as “mochilas” que permitem que os astronautas flutuem mais livremente pelo espaço, essenciais quando precisam realizar algum reparo de peças fora da estação espacial.
Nesse caso, o quarteto está recebendo o suporte de vida por meio de mangueiras presas à espaçonave, medida que é considerada de alto risco.
O modelo também inclui um visor HUD (Head-Up display), câmera de última geração nos capacetes e novos tecidos de gerenciamento térmico.
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Durante a caminhada espacial que ocorreu na manhã desta quinta-feira (12), um dos tripulantes, Jared Isaacman, movimentou os braços para testar a eficiência das juntas do novo traje. Tudo pareceu funcionar bem, e as lições aprendidas serviram de base para os trajes usados em missões ainda mais distantes, como para a Lua e Marte.
Comunicação da Starlink
O uso de tecnologia via laser para comunicação espacial está também na lista de inovações espaciais que a SpaceX está propondo com a Polaris Dawn.
Batizado pela empresa de “Plug and Plaser” , o mecanismo permite a transmissão de dados entre satélites e espaçonaves por meio de feixes de luz, oferecendo uma comunicação mais rápida e confiável em comparação com as tecnologias tradicionais baseadas em radiofrequência. A comunicação a laser elimina a necessidade de passar por estações terrestres, reduzindo a latência e permitindo a transmissão de grandes volumes de dados em alta velocidade – ainda assim a transmissão da caminhada espacial sofreu interrupções.
O sistema “Plug and Plaser” foi instalado no compartimento de carga da cápsula Dragon, permitindo a comunicação com os satélites Starlink durante toda a missão. Um roteador Starlink também foi instalado na cabine da Dragon para fornecer internet à tripulação.
Ainda que esteja sendo testada no espaço, a comunicação a laser via satélite também é importante para as comunicações na Terra – a tecnologia é um mercado em crescimento, impulsionado pela demanda por maior capacidade de transmissão de dados e pela necessidade de conexões mais rápidas e seguras no espaço. Estima-se que esse mercado atinja mais de US$ 6 bilhões até 2028, de acordo com a Business Research Insights.
Pesquisas médicas
Os quatro tripulantes da missão estão desenvolvendo pesquisas para a Nasa Human Research Program durante a viagem espacial. Os estudos ajudarão a agência a entender melhor como a exposição ao espaço afeta o ser humano. Entre os focos de estudo estão o uso da telemedicina, informações sobre enjoo espacial, lesões provocadas pela viagem, além de entender como a exposição a esse nível de radiação afeta o ser humano.
A equipe da Polaris Dawn está realizando um teste com um equipamento que coleta informações sobre a pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória e temperatura do coroo. O dispositivo também oferece imagens de ultrassom e uma tecnologia, em teste, capaz de diagnosticar os tripulantes em tempo real.
No neste, os sinais vitais são coletados e, por meio de um sistema da Starlink, existe uma comunicação com médicos e especialistas na Terra. Durante a viagem, a tecnologia tenta oferecer um diagnóstico com base nas informações e documentos disponibilizados em tempo real.
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Além disso, outro ponto das pesquisas médicas é entender como são os sintomas de enjoo espaciais e como evitá-los. O estudo se baseia nas anotações que os tripulantes estão fazendo sobre o que estão sentindo e o que estão fazendo para prevenção de sintomas mais graves.
A equipe também está fornecendo dados sobre saúde física e mental, por meio de exames realizados antes, durante e depois da missão. A pesquisa se baseará em análises sobre comportamento, sono, densidade óssea, saúde ocular, função cognitiva, além da análise do sangue, urina e respiração.
*Mariana Cury é estagiária sob supervisão de Bruno Romani
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