PARALIMPÍADAS
Paratletas comprovam as suas capacidades em busca de medalhas
Região está representada em diferentes modalidades com boas chances de conquistas
Última atualização: 02/09/2024 07:30
Os Jogos Paralímpicos Paris 2024 mobilizam paratletas, comissões técnicas, dirigentes e torcedores. Nesta edição, a delegação brasileira é composta por 280 atletas que vão lutar por medalhas. E não faltará energia positiva, superação e qualidade nas diversas modalidades em disputa desde a última quarta-feira (28) até o dia 8 de setembro. Quatro paratletas são nascidos na região de cobertura do Grupo Sinos. Alguns são oriundos de outros Estados ou até estrangeiros, mas defendem equipes gaúchas.
A Associação Gaúcha de Futebol para Cegos (Agafuc), de Canoas, terá cinco atletas disputando a Paralimpíada: o goleiro Luan Lacerda, o ala Ricardo Steinmetz Alves (Ricardinho) e o pivô Raimundo Nonato. Outros dois jogadores da Agafuc vão defender a seleção argentina: o fixo Froilán “Coki” Padilla e o ala Angel Deldo.
“Para nós, da Agafuc e principalmente para mim, como técnico, é um privilégio enorme contar com três atletas titulares da seleção brasileira, além de dois argentinos. Já são quatro Paralimpíadas que temos representantes, isso mostra ainda mais a força, qualidade e ótima estrutura do nosso time”, destaca o treinador da Agafuc, Rafael Astrada.
Ricardinho avalia que o interesse do público pelas Paralimpíadas tem crescido. “Com o passar de cada ciclo paralímpico, o paradesporto tem crescido. Há tempos nós tínhamos um cenário de bastante amadorismo, foram melhorando, o investimento, a cobertura midiática... Então, uma coisa leva a outra. Hoje a gente pode afirmar que o esporte paralímpico no Brasil, especialmente as seleções, elas estão muito profissionais”, destaca.
Ele conta que a arena onde ocorrerão as partidas tem capacidade para aproximadamente 12 mil pessoas e os ingressos estão esgotados. “Estou apostando numa grande competição, muita divulgação e vai tendo, é claro, os seus efeitos positivos a título de sociedade, de levar para fora deste mundo que a gente vive aqui, a questão de que a pessoa com deficiência não é um incapaz. Muito pelo contrário, são pessoas que podem ser muito bem sucedidas na sua profissão”, reforça.
Outra representante da região é a esgrimista Mônica da Silva Santos, de Santo Antônio da Patrulha, que está motivada. “Contar com apoio da torcida gaúcha é essencial e com certeza fará toda a diferença na minha jornada”, escreveu Mônica em trecho de uma postagem na rede social Facebook.
São 13 competidores nascidos no RS
Ao todo, a delegação brasileira na Paralimpíada de Paris tem 280 atletas, dos quais 13 são nascidos no Rio Grande do Sul:
- Ana Paula Gonçalves Marques (Porto Alegre), halterofilismo, categoria até 61 quilos
- Aser Mateus Almeida Ramos (Porto Alegre), atletismo, classe T36
- Jonatan Felipe Borges da Silva (Canoas), futebol para cegos, classe B1
-Jovane Silva Guissone (Barros Cassal), esgrima em cadeira de rodas, classe B
- Kevin Gabriel de Souza Damasceno (Esteio), esgrima em cadeira de rodas, classe A
- Marcelo Adriano de Azevedo Casanova (Caxias do Sul), judô, categoria até 90 quilos, classe J2
- Maria Eduarda Machado Stumpf (Itaqui), taekwondo, categoria até 52 quilos, classe K44
- Mônica da Silva Santos (Santo Antônio da Patrulha), esgrima em cadeira de rodas, classe A
- Reinaldo Vagner Charão Ferreira (São Gabriel), tiro com arco, classe W2 (arco composto)
- Ricardo Steinmetz Alves (Osório), futebol para cegos, classe B1
- Roberto Alcade Rodrigues (Bagé), natação, classe S6
- Vanderson Luis da Silva Chaves (Porto Alegre), esgrima em cadeira de rodas, classe B
- Wallison André Fortes (São Luiz Gonzaga), atletismo, classe T64
Os representantes nascidos na região
Jonathan Felipe Borges da Silva
Futebol para cegos
Nascimento: 15 de agosto de 1998
Natualidade: Canoas (RS)
Classe: B1
Posição: Pivô
História: Jonatan perdeu a visão, devido um descolamento de retina seguido de catarata. Conheceu a modalidade na Associação dos Deficientes Visuais de Canoas aos 16 anos, por indicação de um colega que já jogava. Foi convocado para a seleção de base pela primeira vez em 2015.
Principais conquistas: Ouro nos Jogos ParapanAmericanos de Santiago 2023; bronze na Copa do Mundo em Birmingham 2023; ouro no Campeonato Brasileiro de futebol de cegos 2022. Em 2017, fez o gol do título do Parapan de Jovens, disputado em São Paulo, na final contra a Argentina.
Ricardo Steinmetz Alves (Ricardinho)
Futebol para cegos
Nascimento: 15 de dezembro de 1988
Naturalidade: Osório (RS)
Classe: B1
Posição: Ala ofensivo
História: Um descolamento de retina aos seis anos comprometeu a visão de Ricardinho. Aos 10, o gaúcho começou a jogar futebol de cegos. Já foi eleito o melhor jogador do mundo três vezes: em 2006, 2014 e 2018.
Principais conquistas: Bronze na Copa do Mundo em Birmingham 2023; tetracampeão dos Jogos Paralímpicos (Tóquio 2020, Rio 2016, Londres 2012 e Pequim 2008); prata na Copa América 2022; ouro no Grand Prix México 2022; ouro no Desafio das Américas 2022; pentacampeão dos Jogos Parapan-Americanos (Santiago 2023, Lima 2019, Toronto 2015, Guadalajara 2011 e Rio 2007); ouro na Copa América 2019, em São Paulo; e tricampeão mundial (Madri 2018, Japão 2014 e Inglaterra 2010).
Kevin Gabriel de Souza Damasceno
Esgrima em cadeira de rodas
Nascimento: 1º de maio de 2004
Naturalidade: Esteio (RS)
Classe: A
História: Nasceu com meningomielocele. Passou por cirurgias para correção e colocação de válvula no cérebro – da qual até hoje. Ficou com sequelas nos pés, o que acarreta em uma certa dificuldade para se locomover e por isso faz uso de órteses. Ele ingressou na esgrima em cadeira de rodas aos oito anos. Mas foi a partir de 2018 que começou a considerar o esporte paralímpico como um caminho profissional. Foi incentivado pelo pai, o esgrimista Fábio Luiz Damasceno, que representou o Brasil nos Jogos Paralímpicos do Rio 2016 na mesma modalidade. É atleta do Grêmio Náutico União (GNU).
Principais conquistas: Campeão mundial sub-23 em 2023 e tricampeão brasileiro.
Mônica da Silva Santos
Esgrima em cadeira de rodas
Nascimento: 22 de março de 1983
Naturalidade: Santo Antônio da Patrulha (RS)
Classe: A
História: Mônica perdeu o movimento das pernas em 2002 por conta de um angioma medular que se manifestou durante a gravidez. Após o parto, ficou paraplégica e passou a jogar basquete em cadeira de rodas. Como não tinha equipe feminina, jogava com os homens. Foi então que procurou um esporte individual e encontrou a esgrima em 2008. É atleta do Grêmio Náutico União (GNU).
Principais conquistas: Ouro no florete e bronze na espada no Regional das Américas 2016, em São Paulo; ouro no florete no Regional das Américas 2015, em Montreal (primeira mulher brasileira a ser campeã de um torneio internacional).