Pela segunda vez em Novo Hamburgo, um dos maiores jogadores de tênis das décadas de 1990 e 2000 passou pelo Município para compartilhar táticas e dicas práticas sobre a modalidade que o consagrou. O ex-tenista Fernando Meligeni esteve na Sociedade Aliança onde entrou em quadra com cerca de 40 pessoas, entre adultos e crianças. A clínica, que ocorreu no último fim de semana, foi apenas um meio de promover o esporte. “Meu maior objetivo é plantar o desejo em cada um. O treinador forma, mas quem vai jogar é o jogador”, diz Meligeni.
Fininho, atualmente, atua como comentarista na ESPN e é considerado por diversos analistas esportivos, críticos de tênis e antigos jogadores, como um dos dez maiores tenistas brasileiro da Era Aberta. “O que eu vi em Novo Hamburgo foi um bom jogo, a molecada é estruturada. Fiquei muito feliz com o nível de todo mundo. Todo mundo joga legal”, diz Meligeni sobre os 38 adultos e seis crianças que estiveram na quadra com ele.
Durante a vinda ao Vale do Sinos, Meligeni destacou seus momentos mais marcantes na carreira. “Com certeza o título Pan-Americano de 2003, a vitória sobre o Pete Sampras em Roma, e a semifinal de Roland Garros, ambos em 1999, são três momentos marcantes que mostram o nível de tênis que eu consegui jogar”, relata.
Toda essa bagagem de experiência e história no tênis foi compartilhada em dois dias em Novo Hamburgo. Apesar do ex-tenista já ter vindo à cidade, foi a primeira vez em modelo de clínica. “Aqui no Estado é terra onde tem muita referência de tênis, mas mesmo assim não é fácil chegar lá. Mas aqui eu pude trocar ideia com essa garotada que está começando e com adultos, que se não são, um dia serão pais e vão influenciar seus filhos no esporte”, conta.
O ex-tenista e treinador Lucas Engel organizou o clínica e trouxe Meligeni a Novo Hamburgo. Para ele, foi uma grande oportunidade ter uma personalidade importante do esporte. “Tivemos amadores, os adultos, que viram ele jogar e ganhar e puderam estar em quadra com Meligeni. As crianças conhecem mais o trabalho dele como comentarista, mas adoraram receber dicas. Espero que daqui a dois anos eu consiga fazer a clínica novamente”, acrescenta Engel.
Escola para a vida
Para Meligeni, o tênis e qualquer esporte não pode ser praticado por competição. “O jogador precisa entender o valor da justiça, o valor que uma bola que pega 99% fora e 1% dentro da linha é dentro e pronto. Se aprende que não pode roubar, porque lá com 18 ou 25 anos, quando ele estiver trabalhando, seja na política ou em um escritório, ele vai saber que ele não pode roubar, porque aprendeu no tênis”, enfatiza o ex-tenista.
“Enquanto a gente olhar o esporte pensando em como eu ganho da família Engel, da família tal a gente está perdido. No dia que entendermos que o esporte é muito maior que isso, a gente vai ter um Brasil melhor, um esporte melhor, uma cidade melhor, um clube melhor, isso, para mim, é o que mais tem valor”, diz Meligeni.
Embora Bernardo Horta Soares, 9 anos, tenha recebido muitas dicas de Meligeni para aperfeiçoar seu jogo, os princípios também são importantes. “Foi meu primeiro contato com um ex-tenista e foi maravilhoso, sei o que preciso melhorar e estou no tênis para aprender mais sobre posicionamentos e sobre lealdade”, diz Bernardo.
Para o pai de Bernardo, Dionelo Soares, todas as dicas passadas por Meligeni foram importantes, pois como o filho já participa de competições Estaduais, esse contato com quem já trilhou o caminho é muito importante. “Sempre precisamos melhorar e nos aperfeiçoar”, acrescenta Soares.
Por diversão
Quando questionado sobre o que diria para quem está começando no tênis, Meligeni logo disse: “Se divertir”. Para o ex-tenista, o importante é entrar na quadra e curtir. “Eu coloquei meus filhos para jogar e não curtiram, não se divertiram, quiseram ir para outro esporte, um está no basquete, outro futebol e está tudo certo”, conta.
Dentro de quadra não há perigo, segundo Meligeni. “E não ter nenhum tipo de perigo de morte ou de se machucar sério. Nada! O máximo que pode acontecer é meu filho perder, e nossa, que problema. A gente vive perdendo na vida, a gente vive errando, então o tênis me dá a oportunidade de ensinar isso para o meu filho. Deixa perder, deixa viver, deixa curtir e aí, depois, quando ele sair da quadra, você ensina certinho”, acrescenta Meligeni.
Apoio na carreira é fundamental
Para Lucas Engel, o apoio ao jogador é fundamental para conquistar grandes vitórias. “Eu fui um jogador, onde muitos falavam que eu deveria estar melhor colocado para o meu nível de tênis. Às vezes o que faltava, para isso, era apoio financeiro para jogar melhores torneios”, relembra Engel.
Mesmo assim, em oito anos como jogador profissional, Engel conquistou vários títulos, com o melhor ranking em simples de 297 e em dupla 207. “Tivemos algumas vitórias importantes na carreira, apesar de ganhar em campeonatos de dupla”, conta Engel, que parou de jogar em 2007.
Mesmo saindo do profissional, Engel seguiu no meio do tênis. É treinador há 15 anos na Sociedade Aliança e promove competições como a Copa Thomás Engel, que iniciou a 22ª edição na quinta-feira (12) e a final será no domingo (15). “É uma edição recorde de inscritos, batemos nossa meta da maior copa da história, nesses 22 anos”, conta Engel.
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