O técnico Roger Machado foi alvo de críticas nas redes sociais após a vitória do Inter sobre o Fluminense, por 2 a 0, na sexta-feira (8), pela 33ª rodada. No entanto, o assunto não foi futebol. Depois de garantir mais três pontos na tabela, colocar o Colorado no G4 do Brasileirão (o Flamengo ainda não jogou nesta rodada) e ampliar a invencibilidade para 14 partidas, o comandante, que é o único treinador negro entre os 20 clubes da Série A, provocou uma reflexão no mês da Consciência Negra.
“É um tema sempre importante, é uma data importante da Consciência Negra, não deveria ser abordado apenas nesse mês. Penso que a gente fez muitas evoluções, o País começou a olhar de alguma forma para essa questão, porém vejo que os avanços são pequenos. Para mim, o futebol amplifica e aponta como somos como sociedade”, iniciou Roger.
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“Um País que foi criado em cima de 400 anos de escravidão é impossível que a gente não traga nesse momento vestígios dele. Para quem não lembra, a legislação na minha carreira como jogador de futebol, que depois se transformou na Lei Pelé, era assim: eu era uma propriedade do clube, se eu me comportasse bem, aos 28 anos, 29 anos, eu começava a ganhar um percentual do meu passe, aos 35 mais ou menos eu ganhava o livre arbítrio para escolher onde eu queria ir. Se eu não aceitasse as regras da renovação, o clube poderia colocar meu passe na federação pelo valor que ele quisesse e eu não trabalhava ali e em nenhum outro lugar. Na escravidão existia uma lei muito parecida, que era a Lei dos Sexagenários, que aos 60 anos o escravo conseguia sua liberdade. Porém, a expectativa de vida era 40”, completou o treinador.
Nota de repúdio
Idealizador do Dia da Consciência Negra, o advogado e escritor Antônio Carlos Côrtes, um dos fundadores do Grupo Palmares, divulgou uma nota em apoio a Roger. “Como cidadão, o Sr. Roger exerceu seu direito de opinião em um Estado Democrático de Direito”, diz trecho do comunicado, que também fala que “os ataques racistas agridem não somente a ele, mas, também, a toda a população negra brasileira”.
Pela primeira vez, o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, será feriado nacional.
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