CRIME NO FUTEBOL
Mais um caso de racismo é relatado em estádio do Vale do Sinos
Torcedor do Aimoré teria ofendido jogador do Hercílio Luz antes da partida da Série D do Campeonato Brasileiro
Última atualização: 07/03/2024 16:38
O fim de semana foi marcado por casos de racismo em mais de uma divisão do futebol brasileiro. Na Série D do Brasileirão, no empate entre Aimoré e Hercílio Luz, no Cristo Rei, de acordo com o que foi relatado em súmula, um torcedor aimoresista disse para um jogador do time catarinense: “vai entregar o jogo negão”. O caso teria ocorrido antes do apito inicial neste domingo (7) e o agressor não foi identificado.
Após a partida, a vítima, o atleta Rafael Ramos de Lima, fez um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de São Leopoldo. Como a cidade não possuí Delegacia de Combate à Intolerância, a investigação do caso deve ser feita pela 1ª Delegacia de Polícia.
O árbitro Murilo Ugolini Klein relatou o ocorrido na súmula. “Informo que antes do início da partida torcedores da equipe do aimoré disseram: "vai entregar o jogo negão" em direção ao jogador n° 4 rafael ramos de lima, da equipe do hercílio luz, o jogador se sentiu ofendido (não foi possível identificar tal torcedor). após a partida, em contato com ele, o mesmo estava sendo levado pela brigada militar do rio grande do sul para lavrar um boletim de ocorrência na delegacia de eventos esportivos.”
Na tarde desta segunda-feira (8), o Hercílio Luz publicou uma nota de repúdio. Confira na íntegra:
“O Hercílio Luz FC lamenta que em pleno 2023 temos casos de racismo acontecendo no futebol brasileiro a cada final de semana. Somente neste foram dois, um envolvendo o zagueiro Rafael Lima na partida contra o Aimoré. O Clube se solidariza e presta todo apoio ao atleta. Lembramos que o Código Penal, artigo 140, § 3º, determina uma pena de 1 a 3 anos de prisão, além de multa, para as injúrias motivadas por “elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem, ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”. Mas, mais importante que isso, não é admissível que ainda tenhamos manifestações assim na sociedade.”
Procurada, a assessoria do Aimoré comunicou que publicará uma nota ainda nesta segunda (8). Em fevereiro, em jogo válido pelo Gauchão entre Novo Hamburgo e Caxias, houve relato de injúria racial no Estádio do Vale. A suposta ofensa também teria partido da arquibancada, quando na etapa inicial da partida um homem que estava na torcida do Noia teria gritado para atletas do time do Serra: "vão sentar bando de macacos".
Mais casos no fim de semana
Além do caso no Estádio Cristo Rei, o árbitro Luiz Augusto Silveira Tisne, que comandou a partida entre Ypiranga e CSA, pela Série C do Brasileirão, realizada no Estádio Colosso da Lagoa, em Erechim, também relatou racismo na súmula.
“Aos 37 minutos do primeiro tempo, fui informado pelo atleta de nº 08, o sr. tomas almino bastos da silva, da equipe do csa, que ele havia sido chamado de macaco por uma torcedora do ypiranga localizada na arquibancada próxima à torcida organizada. de acordo com o atleta, a torcedora proferiu a seguinte frase: "vai logo, macaco", quando este estava buscando a bola perto da arquibancada para cobrar o escanteio. o jogo ficou paralisado por 02 minutos para identificação da torcedora pela brigada militar e pelo atleta do csa. foi realizado boletim de ocorrência policial, sob número 4935 / 2023 / 151306. relato que nenhum integrante da equipe de arbitragem ouviu o insulto e que o jogo foi paralisado, em função da reclamação do atleta. nada mais a relatar.”
Já na Série A, um vídeo mostra torcedor do Athletico-PR na arquibancada fazendo gestos racistas para a torcida do Flamengo, no Estádio Arena da Baixada, em Curitiba, Paraná. Nada foi relatado pelo árbitro.